sábado, 31 de dezembro de 2011

Rostos


... se desdisserem, faço queixa a esta Senhora, quando estiver com ela ...


"E vão lá desdizer o sonho do menino..."

... que é, na segunda fila, o primeiro da esquerda ...

Até p'ró ano!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2222 mensagens - a automedicação











2222 mensagens, sim! Aqui, "nesta coisa". Sem receita médica ...

Um dia, meu pai, que já cá não está, foi operado a uma coxartrose, mas só, em boa parte, se libertou das sequelas pós-operatórias quando ... quando me lembrei de receitar-lhe uma bengala ...

"- Senhora Doutora, se lhe parecer bem, quando meu pai aí for à sua consulta, não se importa de lhe recomendar o uso permanente de uma bengala ?...

- Sem dúvida! Fique descansado!..."

Dias depois ...

"- Olha, sabes, a médica recomendou-me o uso de uma bengala ... Que te parece? ...

- Boa ideia, pai!"

2222 mensagens! Automedicação. Rejeitada durante mais de 70 anos ... Tem várias contra-indicações, sem dúvida, mas faz um bem à vontade de estar com os outros que só quem passa por elas (eles, os anos) é que sabe ... Bem-hajam, quantos não se riem da minha "bengala" e até me escrevem, a propósito, a dizer coisas bonitas ... Na verdade, modéstia à parte, esta é que pode dizer-se que é de "pau santo" ... Pau santo, bom, do antigo. Eu tenho uma bengala de pau santo, sim. Que está à vista de toda a gente. Já me servi dela, até à bocado, antes do almoço, 2222 vezes, imaginem!... Tenho andado muito melhor.

Canteiro de palavras (XXXV) - Mundo Novo*


"( ... ) Não se pode deitar pseudo-champanhe para castas superiores em provetas da casta inferior. É teoricamente evidente. Mas é coisa que está igualmente demonstrada na vida real. O resultado da experiência de Chipre foi convincente.

- Mas que experiência foi essa? - perguntou o Selvagem.

Mustafá Mond sorriu.

- Pode-se, sem dúvida e se o quisermos, designá-la como uma experiência de reemprovetamento. A experiência começou no ano 473 de N.F.. Os Administradores fizeram evacuar da ilha de Chipre os habitantes existentes e recolonizaram-na com um lote especialmente preparado de vinte e dois mil Alfas.

Confiou-se-lhes um equipamento agrícola e industrial muito completo e deixou-se-lhes a responsabilidade de gerirem os seus negócios. Os resultados estiveram em completo acordo com todas as previsões teóricas. A terra não foi convenientemente trabalhada, houve greves em todas as fábricas, as leis valiam menos que nada, desobedeciam às ordens dadas, todas as pessoas destacadas para efectuar uma missão de categoria inferior passavam o tempo a fomentar intrigas, tentando obter trabalho de categoria mais elevada, e todas as pessoas dos cargos superiores fomentavam contra-intrigas para poderem continuar, por qualquer preço, nos lugares que ocupavam.

Em menos de seis anos estavam embrulhados numa guerra civil de primeira ordem. Quando, dos vinte e dois mil, foram mortos dezanove mil, os sobreviventes fizeram uma petição unânime aos Administradores Mundiais a fim de estes retomarem o governo da ilha. Foi o que se fez. E assim terminou a única sociedade de Alfas de que o mundo teve conhecimento.

O Selvagem soltou um profundo suspiro.

- A população óptima - continuou Mustafá Mond - deve obedecer ao modelo iceberg: oito nonos abaixo da linha de flutuação, um nono acima da linha.

- E os que estão abaixo da linha de flutuação sentem-se felizes?

- Mais felizes que os de cima. (...).

- Apesar do trabalho horrível?

- Horrível? Mas essa não é a opinião deles. Pelo contrário, agrada-lhes. É leve e de uma simplicidade infantil. Nenhum esforço excessivo nem para o espírito, nem para os músculos. Sete horas e meia de trabalho leve, nada esgotante, e depois a ração de soma, os desportos, a cópula sem restrições e o cinema perceptível. Que mais poderiam pedir? É certo - acrescentou - que poderiam pedir uma jornada de trabalho mais curta. E, bem entendido, podíamos conceder-lha. Tecnicamente, seria perfeitamente possível reduzir três ou quatro horas a jornada de trabalho das castas inferiores. Mas isso torná-las-ia mais felizes? Não, em nada. A experiência foi tentada há mais de século e meio. Toda a Irlanda foi colocada no regime da jornada de quatro horas. E qual foi o resultado? Perturbações e um acréscimo notável do consumo de soma."

* Aldous Huxley in Admirável Mundo Novo

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Galeria Nacional de Fotomontagens ( CVI )

"Diário de Notícias" 147 anos depois

O Diário de Notícias comemora hoje 147 anos de vida. Isto é, completou mais 47 anos depois de eu o ter deixado ...

Festejem-se, entretanto, os 147! Como no ano passado, nesta data ... menos ... menos 365 dias ... - ver "Jornal da Jovem/Velha Guarda", ADN.

Não antes sem lembrar ...


HOJE

(O ADN de 2011 ... sairá em ... em 29.12.2012, com outra qualidade fotográfica
e o signatário deste blogue sentado em frente do segundo prato da esquerda... que isto de comemorar a seco, não dá ...)


1937Marcial-2 Cartas ao Amanhã (Homenagem a Natália Correia)


O You Tube não se portou bem ... Mas eu não desisto:
vou mandar arranjar a dentadura e...e ele que se cuide ...

Alguém diga o que, cá fora, se pensa ...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ladroagem electrónica



"Ponham-se a pau, meus amigos!" Depois não digam que eu não vos avisei ...

Josuah Benoliel - Fotógrafo

Aquilino Ribeiro in Um Escritor Confessa-se:

" (...) Na Rua de S.José, dei conta que uma tipóia avançava para nós a toda a velocidade, estacava de súbito com as máquinas às costas um homem que toda a gente conhecia, o Josuah Benoliel. Era fotógrafo da Corte e dos Ministros, dos crimes e das festas, da paz e da guerra, o fotógrafo universal que aparecia em toda a parte, evidentemente para me fotografar. Josuah Benoliel, fotógrafo beduíno, tanto tira a D. Manuel com tira a Bernardino.

Lá metia a máquina à cara, lá estudava a imagem na lente reflectora, mas antes de lhe dar tempo a disparar, erguia eu o braço a esconder a cara. Recuou mais dois passos, três passos, insistiu ... Eu então apresentei-lhe umas tão peremptórias e rasgadas armas de S. Francisco que, como o raio da morte, o puseram knock-out. Ao cruzar com ele, vi-lhe nos lábios, que eram maliciosos, um sorriso de admiração e ao mesmo tempo de apreço.

E querem saber: mais tarde, tendo ocasião de me sentar muitas vezes à mesma mesa com Benoliel, reconheci que não só não levou a mal, mas celebrava o lance pelo que tivera de imprevisto e frenético de parte do homem codilhado que não se conforma com ser objecto de exibição para basbaques nem cobiça entrar na posteridade pela porta do cavalo. E Benoliel ficou meu amigo até à morte."

Não é, talvez, este, um "discurso" a merecer Canteiro de Palavras num blogue e, muito menos, a meu ver, numa antologia, mas ... mas ... talvez valha fixar um pormenor relativo à obra de Benoliel.

Se, enquanto, em determinado momento, responsável pela Documentação de O Século, me foram feitas recomendações, há uma, dentre várias, de que, à força de repetida por um dos Pereira da Rosa, administrador da Casa, não posso deixar de recordar: "cuidado com as provas fotográficas de Josuah Benoliel: são históricas!..."

São históricas, sim senhor! Sem dúvida. Concordo. Concordei, pois claro. 

Mas a História ...

Espero, entretanto, que o  desmantelamento posterior de O Século pelas forças "progressistas" da época não tenha codilhado a memória do Benoliel que Aquilino lembrou, e bem,  no seu livro de confissões (republicanas).

Fica o apontamento. Apenas o apontamento. Que as provas devem estar em boas mãos, digo eu. "Quero" eu. Que fui dos últimos, n'O Século, a vê-las.

Galeria Nacional de Fotomontagens ( CV )

PENTATLO






Rua do JARDIM 7: Cartas ao Amanhã

Rua do JARDIM 7: Cartas ao Amanhã é, desde ontem, o título genérico de uma nova rubrica nesta ruadojardim7 que aqui, no meio de cardos e rosas, vou escrevendo para os amáveis que me honram com a sua atenção - e são, significativamente, muitos mais do que os que, sem fadistices, pensei inicialmente ter. Bem-hajam!

Aparecerá, antes de mais, no You Tube (o que é uma novidade que ofereci a mim próprio e ... e aos que não gostam de blogues ...), mas aqui chegará.

No fundo, trata-se, para já, da "exposição informática" do que, em papel, são as Cartas à Minha Neta, a que já aqui me referi várias vezes. Mas não será um espaço fechado a um só tema central ... Melhor será ir vendo/ouvindo ...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Cartas ao Amanhã-1

Os chineses nos anos 1400 - Ano Novo *

"A festa mais importante era a do Ano Novo. Antes de o velho ano acabar, o deus do fogão da casa tinha um papel a desempenhar nos rituais: ele passara todo o ano a observar a família e no fim iria subir ao céu para fazer o seu relatório. Como quase toda a gente fizera certamente algo condenável , antes da partida do deus as pessoas ofereciam-lhe bolos, esperando que estes o impedissem de abrir a boca para as denunciar ou que, se conseguisse falar, dissesse unicamente coisas agradáveis.

No primeiro dia do ano, os membros mais jovens da família alinhavam-se por ordem de idades, a fim de apresentarem formalmemte os seus cumprimentos ao chefe da família. Os solteiros recebiam pequenos presentes de dinheiro em envelopes de cor vermelha, a cor da sorte. Toda a família prestava homenagem aos deuses da casa - os antepassados, o deus do fogão, os deuses da porta, o deus da terra sobre o a qual se erguia a habitação, o deus do poço no exterior e um grande número de outras divindades.

Faziam-se ofertas aos espíritos, para que estes não fizessem travessuras nem estragassem a sorte do novo ano.

No dia de Ano Novo, era proibido usar tesouras, facas e vassouras e também rogar pragas, pois podiam prejudicar a sorte. Como nesse dia também era proibido matar, as pessoas só comiam vegetais.Nesse dia, todos acrescentavam um ano à sua idade; como ao nascer, se considerava que o bebé tinha um ano de idade, uma criança que nascesse uns dias antes do Ano Novo teria 2 anos depois de vir ao Mundo."


* in História da Vida Quotidiana

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Galeria Nacional de Fotomontagens ( CIV )

 2011/2012 - Passagem de Ano
- O que é que acham, vou bem assim?...
O nosso Marcial diz que estou o máximo
 e que está a ... a pensar surpreender-me ...
Eu nem acredito!...

Para cada homem há uma estrela, dizem

Regimes MONARQUISTAS

Na Coreia do Norte, tudo indica que Kim Jong-Un sucederá a seu filho Kim Jong - Il.

Na Rússia, Putin, que se anuncia como possível presidente, não é filho de Putin, mas é ele próprio ... Putin, a candidatar-se ao poder.

Donde, a meu ver, estarmos, de algum modo, em presença de revoluções monarquistas.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Galeria Nacional de Fotomontagens ( CIII )

Natal 2011 - A prenda no sapatinho

Natal - sempre ou o impossível

Cá está ele outra vez, o Natal, com prazo de validade. Para dizer coisas que se dizem há mais de dois mil anos. Não a todos, que uma parte significativa não é de Natal, mas de outros credos. No entanto, no fundo, no fundo, todos somos de qualquer coisa semelhante em toda a parte. Pode não ser nesta data, mas, cá p´ra mim, há um dia, pelo menos um dia, em que o Homem é atravessado por um sentimento que, se não é de Natal, é de nascimento, de reinício tentado: "a partir de hoje..." - e faz a promessa interior. O mal é o dia seguinte ao Natal, qualquer que ele seja ... O homem é um ser recalcado, frustrado, talvez, no fundo, bom, mas a tender para, no presépio da vida, estar mais à espera de receber os Reis Magos do que a pôr-se ao caminho na demanda de simplicidade que esteja para além daquele espaço onde se comemora, se pretende lembrar essa simplicidade. O que acontece é que, saído do resguardo onde passa a noite tranquila de 25 de Dezembro, ou outra qualquer, solta a fúria que conteve enquanto recebeu visitas de cerimónia como Reis e pastores (que dão coisas) ... Quando fica só, quando se sente apenas rodeado da família, começa a congeminar como é que há-de viver assim, confortável, sem se mexer ou, mexendo-se, guerreando o vizinho ... É então que a ocasião faz o ladrão e o que tinham sido bons modos, sorrisos, é ultrapassado pela desconfiança ( a desconfiança é uma maleita, bastas vezes, hereditária, em regra, mortal), pelo desejo de vingança, pela mentira (há sempre adeptos da mentira, há sempre gente de mau carácter, com pecado original, formatado na inveja, na intelorância, na vingança, pelo retorcer o que se diz).

O Natal é uma data bonita, rica de significado. Mas, bastas vezes, aproveitada para os maiores cinismos do ano. Talvez, por isso, devesse ser uma data em, à volta da manjedora, ou da mesa da ceia, sim senhor, houvesse um momento de verdade, de lucidez, para dizer, na paz de Cristo ou noutra, tudo o que nos vai na alma e precisa de ser esclarecido em nome da Paz que se deseja - ou da guerra que faz correr o risco de acabar por separar os radicalmente diversos e irremediavelmente incompatíveis.No fundo, se Presépio é tempo de verdade, que venha o Presépio. Se é tempo de cinismo, que não haja Presépio e que cada um se organize mentalmente para viver com a cultura que lhe deram ou que, livremente, tentou, se deixou, tomar.

Uma coisa é certa: com inveja, ganância, sem cultura do bem, sem amor ao próximo, não há Presépio que resista. De resto, se, nesta altura, vale acrescentar ainda um responsável pelos présépios estragados é a inveja, o ciúme, a insegurança mental, a dúvida doentia pelas acções bem intencionadas do semelhante.

O Presépio cristão não é cura para todos os males, mas, para os que não são cegos, surdos e mudos, pode ser uma excelente oportunidade, qualquer que seja o nome que tome nos diferentes credos, para reflectir e evitar os divórcios, as separações factuais, mas, sobretudo, culturais que afectam a nossa existência terrena - para já. Ou apenas esta - enquanto o for.

Eu gosto do Natal. Do Natal-Verdade, do Natal-Amor, do Natal-Solidariedade. Do Natal-Dia Seguinte. Do Natal Sempre que um Homem Quer, de preferência daquele que se QUER sempre. Ou se tenta, com honestidade intelectual SEMPRE. E não apenas por ser de bom tom lembrar, comemorar.

Lembrei-o ontem, por coincidência, no seu bom e no seu Presépio, por razões não directas, nas urgências de um hospital.

Natal, para mim, foi, em dia especial, recente, ter, pelo telefone, ouvido deficientes mentais (CERCI) sem nenhuma motivação que não a dos afectos, cantar-me, em data própria, os PARABÉNS pela data feliz, sem que ninguém, a tanto, os tenha obrigado. Isso foi Natal. Renascimento. A cerca de um mês da tradicional manjedoura cristã que hoje se lembra repimpadamente.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Noite de Natal

Eu sei que logo à noite, quando eu estiver distraído com as filhós, minha mãe fará de Menino Jesus (de Pai Natal, não. Ela não sabe dessas coisas da Lapónia ...) e, quando me apanhar distraído, sairá lá do céu, onde está, para vir à nossa chaminé deixar uma réplica de um carro de bombeiros, muito colorido, que terá comprado há muitos, muitos anos, numa  véspera de Natal para, logo, hoje mesmo, me ver rir de alegria (ela, lá onde está, ainda não sabe que eu tenho cabelos brancos como ela tinha quando partiu ... Para minha mãe, tenho a certeza, eu ainda tenho aqueles caracóis que me fez para tirar o retrato na Calçada do Combro, em Lisboa, pouco tempo depois de me ter acordado no berço). E virá assim pé ante pé, a fingir que não está cá, que não foi à loja comprar nada, para me surpreender com o brinquedo de folha de que dirá "foi o Menino Jesus que te trouxe, meu filho". Já lhe conheço as falas ... E eu ficarei feliz por se ter lembrado de mim, mas, sobretudo, por a ver ao lado do sorriso quase envergonhado de meu pai, que também era José, como o do Presépio.

E assim será o meu Natal de 2011: em tudo, sorrisos e brinquedos que ninguém mais, ao meu lado, verá.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Bracara Augusta

A minha neta tem uma fotografia igual: fotografámos "ao desafio"...
 2005

Guimarães - Capital Europeia da Cultura 2012

Anunciava-se já, ainda que timidamente, que, ali, ia acontecer (dizia-se a data) coisa importante ...  E um ou outro cartaz  "falava" do acontecimento a haver: Guimarães, Capital Europeia da Cultura.

"Ok! Tomei conhecimento", disse de mim para mim.

 E estava nisto, à saída da estação de caminho de ferro, à procura de táxi para o centro da cidade, dali um pouco distante, quando, apenas acompanhado da minha mulher no exterior da gare, um casal, percebendo-nos algum "embaraço", se abeirou de nós ...

- Para onde é que querem ir?...

- Para o centro da cidade... Procuramos um táxi ...

- Não será fácil a esta hora. Se quiser, se quiserem, nós vamos só aqui a "esta loja" e deixamo-los nessa zona ...

- Bem-hajam!

Aceitei. Aceitámos. Guimarães, Capital Europeia da Cultura acabava de ser "inaugurada". Nem outra coisa seria de esperar das gentes locais, digo eu, com um certo orgulho. Agora que está quase a ser p´ra valer ...

Galeria Nacional de Fotomontagens ( CII )

Os "Homens da Luta"

Natal e Boas Festas

E aqui andamos nós, como nos demais anos, a dizer uns aos outros que desejamos Boas Festas. Recebem-se cartões, "mails", telefonemas, tudo - em nome de um nascimento em que nem todos acreditam. Seja! Ninguém é obrigado a acreditar. Mas há um pormenor,entre vários, no caso, na "tese" católica, que bom será, "agora e sempre" acreditar e ... e, diria, tomar como padrão: a HUMILDADE NO NASCIMENTO. E, se não se festejar mais nada, festeje-se essa anunciada e repetida HUMILDADE. Aqui, na China, na Coreia, em Angola, em Cuba, nos Estados Unidos da América, na India, em Itália, no Vaticano. Em todo o lado. Festeje-se o homem humilde no ser e no estar. E converta-se tudo num ABRAÇO. Isso: ao menos uma vez no ano comunguemos a HUMILDADE, sobretudo, intelectual.

Se, do ponto de vista político, és comunista, se do ponto de vista político és socialista, se do ponto de vista politico és social-democrata, conservador ou o que quer que sejas, mesmo anarquista, fixa-te noutra ideia maior: na humildade militante. Não rastejante, mas sinceramente capaz de pensar no nascimento numa manjedoura, algures, longe de todo o conforto burguês, diria.

Com simpatia, é para os que pensam o Presépio com a verdade simbólica que ele expressa que, sinceramente, em tempos de claras dificuldades generalizadas, desejo, do coração, um Bom Natal!

O resto, não raro, é sociedade de consumo e mentira. Festejemos a VERDADE. E a verdade é que todos nascemos nús e de ventres idênticos. O Presépio não tem que ser milagre, para ser festejado. Mas se a ideia faz feliz uma parte, pois que faça. Amém.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

780 633 782 acções da EDP são chinesas!... Isso ...

(Re)visitei há dias a barragem do Castelo de Bode - era, na altura, toda nossa, creio. Se fosse hoje, a partir d´hoje, bom seria que a visse 21,35 % nas mãos dos bisnetos dos simpáticos chinocas a quem,
há 50 anos,
 comprei, em Lisboa, gravatas a dez mil réis
(dez escudos, cinco cêntimos),
com as quais fiz belos laços ao espelho.

É a vida!...

Certo é que, como foi noticiado, 
a China Three Gorges Corporation
passou a ser dona de parte das nossas velas ... 
E ainda a procissão vai na praça ...

Galeria Nacional de Fotomontagens ( CI )

Lisboa - reunião de ConSertação Social,
com três convidados especiais

Vénus sem camisa

No olhar de Ticiano (pormenor)

Capem-se os coelhos ...

Da rapidez sexual do coelho, diz-se: "ai que bom vai ser, não foi?!..."

Não sei o que é que, nomeadamente,  a generalidade dos reformados pensa disto. O que sei, disse-mo um  farmacêutico no activo, é que há muitos idosos, assustados, a comprar, em quantidades superiores às "normais", as "carradas" de medicamentos que podem - não vá, de repente, alguém impirar-se e ... E a espécie começar a existir em excesso ...

Está tudo dito.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Árvores




O Outono do meu encantamento

Estudo para uma campanha publicitária internacional

Foto sem montagem

- Mama, meu filho, mama se queres crescer ...

De três cartas de viagem (1923-1939) de Chardin












1923

"Estamos na Mongólia, país onde os verdadeiros proprietários pastores (...) são gradualmente repelidos (ao longo do rio) pelos colonos chineses, que esgaravatam a terra e estragam o país em vez de o valorizarem (destroem o velho solo das estepes, sem consciência, cortam as raras árvores e fazem nascer dunas, e assim aceleram a formidável erosão destas regiões)."

1935 Rawalpindi

"População inteiramente muçulmana. Eu desejaria que visse as mulheres daqui, para avaliar o que a nossa civilização ocidental acabou por conquistar para as suas irmãs da Europa! Pobres criaturas prematuramente enrugadas, amortalhadas sob véus, sempre amedrontadas! Será necessário que tudo isto seja abolido, e não deverá tardar muito."

1936

"(...) Chegou o momento de cortar pelo são. Fascismo, comunismo, democracia já nada significam. O meu sonho seria ver o escol da humanidade reagrupar-se num espírito definido pelas três direcções seguintes: Universalismo, Futurismo, Personalismo, e unir-se ao movimento político, económico, que se mostrar tecnicamente mais capaz de salvar essas três condições. Há, na verdade, algo a dizer acerca disso. Sinto-o e sei-o."

Os analformáticos

Três imagens eventualmente preocupantes para os que, alfabetos, não seguiram estudos... informáticos: os analformáticos ... Que horror!... Melhor deixarmo-nos de coisas e entrarmos no universo dos com puta dores... Isso! Tarde, mas a tempo de alternar o parque infantil do jardim com este banco ...

Das imagens do meu caderno de apontamentos, ficam, então, três bonecos:

 - trazida do Oriente (Macau). 

2ª - trazida do Canadá (C.N. Tower, de Toronto)

3ª - que conheci pessoalmente, em Portugal, quando trabalhava no "Diário de Notícias", antes de ele ser centenário.




Reparem os que são involuntária ou voluntariamente analformáticos o que esta nova pré-história tem para contar ... Se tiver tempo.

Fica o apontamento.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Convento de Cristo, em Tomar

E se, aqui, exactamente neste espaço, a partir de uma instalação muito, muito discreta, se fizesse uma recriação sonora e permanente do ambiente da época?... Murmúrios, orações, músicas ...


Com que orçamento? - perguntar-se-á. Talvez com a receita de um vídeo encenado (teatro amador local?) e filmado no mesmo espaço, com os mesmos sons e ... e vendido, nomeadamente, lá, no sítio onde, no Convento, se vendem "outros produtos" de divulgação e cultura ...

Todos sabemos que tudo está no começar ... "Faça-se" a oportunidade.

Quo vadis, aeroporto de Beja?

A gente ouve e não acredita: o aeroporto de Beja foi inaugurado este ano com pompa e circunstância, com outro governo à frente do País e equaciona-se agora a sua rentabilidade?...

O que é se passa? ... Quem é que mentiu ou anda a mentir?

Fui, entretanto a uma página "desta coisa" que tudo sabe e... "...nos primeiros três meses desde a sua inauguração em Maio passado acolheu 164 passageiros (uma média que não chega a dois por dia)! E que os voos de e para Londres, em quase cinco meses, dos 1079 lugares disponibilizados, ficaram vagos 61%!"


Para mim, como para milhões de pessoas, que paga impostos, e nisso não se pode atrasar um dia, isto é um "caso de polícia" ... Ah, é um caso de tribunal ... Talvez, mas se assim é tem que ser p'ra amanhã, porque há documentos assinados, há gente que disse sim e, afinal, é não ... Mas que m. é esta? E o meu subsídio de Natal? Quem é que mo roubou - em Maio passado quando cortou a fita em Beja, por exemplo?

Tomar - TOMAR UMA REFEIÇÃO QUENTE

Duvido que a ideia seja nova. Mas velha que se revele, inspira-se numa recente visita (obrigatória, mesmo quando repetida) ao Convento de Tomar:

na noite da Consoada, pelo menos, encher estas mesas de comida e servi-la a quem, segundo aos instituições locais de solidariedade, precise. Quem sabe se o comércio local, por exemplo, não se dispõe a colaborar ... Fica a sugestão que, espero, alguém possa fazer chegar "aos que mandam ... lá ..."

Se já for tarde para a concretizar na próxima noite de Natal, até aos Reis ... a República agradece com certeza.

"Comungar ao menos uma vez por ano" - diz-se na catequese. É isso.Também assim.

Quem está aí?...

Galeria Nacional de Fotomontagens ( C )

Para a fotomontagem número 100, o subscritor deste espaço teve acesso, a título excepcional, a uma reunião do Conselho de Ministros português. Da acta dos trabalhos, um apontamento em verso a ilustrar o "retrato de família" possível.

   Ouvidos os emigrados do Conselho,
   Ponderada a profusão de doutores ...
  "Feche-se a Faculdade, disse Coelho,
   E livremo-nos de excessos, meus senhores!"



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vejam e oiçam! O que "eles" inventam ...


Não sou nem sócio, nem agente da marca. E, muito menos, japonês...

Para faz-tudo europeu, máscara precisa-se

O que esconde uma máscara? O que escondem/revelam as máscaras?  Agarro no pretexto e ... Porque é que a morte de um alto dirigente coreano, norte-coreano (é o caso hoje), aparentemente ou não, nos provoca tantos receios? O que querem dizer aqueles "batalhões" militares que as televisões mostram quando por lá  acontece a notícia? São máscaras o que vemos?

A Rússia citada pela eventual existência de um certo submundo, vive mascarada? E uns EUA, no meio de rasgos de liberdade, receosos de perder hegemonia, que máscara têm? E uma China, no fundo, a caminhar entre entre a malga de arroz e a multiplicação de uma estranha influência, nem sempre visível a olho nú?  E uma Coreia dividida, cheia de exércitos, disposta a "vender cara" qualquer hipótese de reunificação?  E uma África entre o pé descalço e o fausto de alguns? E um Médio Oriente fanático, mas com petróleo? ... O que é isto? São máscaras?

E o que é hoje a Europa? Refúgio, em nome da liberdade? Como é que nos vêem os não-europeus? Que máscara é a nossa? Será que vamos acabar por meter medo por não saberem o que somos, à força de sermos, em liberdade, cada vez mais tudo? Como é que é a máscara de um faz-tudo?

Boas Festas "para as/os de lá ..."

Especialmente, para as/os "de lá", da Beira Baixa, a que gosto de chamar Traseiras do Litoral - onde quer que estejam, mas em particular para as/os da freguesia do Dominguizo e redondezas - a que me liga quase tudo,

B O A S   F E S T A S!

Feliz Natal e Próspero (o mais possível) 2012.

A ver quem passa ...

O imaterial das heranças

À velha empregada da casa deixaram ... a casa. E na casa ficou tudo o que era fundamental para viver "de cabeça levantada". Entretanto, o resto, por direito próprio, funerais consumados, a família levou-o, na ordem natural das coisas, conforme testamento.Testamento de gente boa do Alentejo, com direito a nome de rua na cidade, acrescente-se, embora não seja fundamental.

Entretanto ... entretanto ...

um dia fui lá a casa visitar a velha empregada e amiga "dos senhores" e, de repente, a surpresa: "a família, quando cá veio para levar o que os meus patrões deixaram, não quis isto ...", disse.

"Leve esta salva consigo ... Sei que a vai estimar ..."

Aqui está. A imagem diz o resto. Regista o facto e ... e preserva o imaterial ...



Rostos

Estradas e caminhos com mais de noventa anos ...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Goa, 50 anos depois

Amizade consolidada, diz-se, falemos de Cultura
 e, já agora, de Contas, das contas, eventualmente, em aberto.
 Audiência concedida pelo Governador do Território de Goa, Damão e Diu, em 1980.
Este, hoje, é o post da Saudade. De tudo.

Václav Havel - Cartas a Olga

Morreu hoje, dizem os noticiários, Václav Havel,
antigo presidente da República da Checoslováquia.
















Poucas palavras. Das que escreveu na prisão a Olga, sua mulher, uma carta curta, das muitas que falam de afectos:


"14 de Agosto de 1979, terça-feira.

Nada de especial a assinalar. Talvez só o facto de ter um novo companheiro, ou seja, acabaram-se as massagens. Mas não me dá transtorno, estou a melhorar da ciática, pelos vistos não era nada de grave. Estou ansioso por saber se recebo a tua encomenda. Se tudo correr normalmente, o mais tardar até fins da próxima semana deve cá estar. Sinto-me feliz com a ideia. Dá lembranças aos amigos, conhecidos, familiares - não vou enumerá-los, sabes muito bem todos a quem mando lembranças.Escreve-me então sobre as rosas a desabrochar e sobre a evolução de todas aquelas plantas diferentes e especiais que ambos plantámos e semeámos.

FICA BEM DISPOSTA, CALMA, QUE NÃO TE FALTEM SAÚDE E AMIGOS, EXECUTA COM CONSCIENCIA AS TAREFAS QUE TE FORAM CONFIADAS, MANTÉM-TE A PAR DOS ACONTECIMENTOS, NÃO TE IRRITES COM COISAS QUE NÃO VALEM A PENA, PENSA EM MIM E DESEJA-ME BOA SORTE, TENTA DAR-TE BEM COM TODA A GENTE.

PARA TI, SAUDADES E BEIJOS DO V."*















(* no livro, também em maiúsculas)

Carta de Natal

Foi crónica (1991). Publicada não sei onde. Hoje é apontamento a propósito de ... E continua no projecto de livro "Cartas à minha neta", que um dia, quando os homens estiverem sentados, há-de ser ...

"Natal é presépio. Natal foi aquele dia em que, no berço da maternidade, primeiro, e, logo a seguir, nos braços da mãe, baboso, a vi, espelho meu, e, quase pateticamente, desatei a correr e a dizer a toda a gente, como se isso já fosse possível, que ela, tranquila, me olhara nos olhos.

De Natal foram todos aqueles maravilhosos dias em que, mais tarde, a fui buscar ao jardim-escola e que, a caminho de casa, quilómetros feitos metros, ela, bibe aos quadrados, me cantou a cantiga sempre nova que aprendera horas antes, no meio de outras crianças.

De Natal vestiram-se todas aquelas manhãs que, sentada à porta do meu quarto, amarrotou o vestidito para, à saída, me dar um beijo e ouvir a minha voz.

De Natal foi aquele dia em que, pela primeira vez, na Academia de Música de Santa Cecília, a ouvi tocar piano e, envergonhada, a vi agradecer aplausos de ternura.

De Natal foi aquela tarde em que, pequenita, mas consciente, a observei à distância, lá no estrado onde, solenemente, lhe perguntavam a tabuada que sabia de cor e salteada. E quem tinha sido o primeiro rei de Portugal. E quem tinha descoberto o caminho marítimo para a India ... E tantas, tantas coisas...

De Natal foram aqueles dias em que, sentados no chão, fizemos do seu quarto uma cabina de som a sério e gravámos impressões acerca de uma visita ao Museu da Gulbenkian, acabada de efectuar, com a turma do prof. Adérito.

De Natal foram, de mão dada, as férias na Florença de Giotto. Na Veneza dos canais. No Vaticano de Paulo VI. Na Londres dos teatros.Em Paris da Place du Tertre. Em Munique do Museu da Técnica. Em Salzburgo de Mozart. Em Viena, na Ópera e na Grande Roda. Nos Açores, naquela capelinha perdida na verdura, em dia de festa.

De Natal foi aquela tarde cheia de jovens, sadios e aprumados, na sala do teatro em que, no palco, recebeu o seu diploma de curso.

De Natal foram todos os dias em que, saudável, a vi crescer.

De Natal são sempre grande parte destes, inúmeros e vários, dias de pai, como tantos outros, grisalho e fatigado, mas, avô de uma cana, a quem o mundo acena com novo sorriso - para que de Natividades a terra não descanse e, se possível, esqueça os intervalos em que, longe do Presépio, desalmados e ignorantes, que também os há, o obrigam, contra a sua vontade, a não sorrir.

Bom Natal para todos - pais saudosos e avós esperançados. O Menino anda por aí."

Galeria Nacional de Fotomontagens ( XCIX )

Fado 
Património Imaterial da Humanidade
Ó filha! Canta-m'aí um fadinho p'ró mat'rial
q'isto não tá a dar p'ró pitrol ...

sábado, 17 de dezembro de 2011

Palavras segundo Saramago

Aqui, de preferência, poucas palavras, que entre os leitores-olheiros há muita gente da estranja, dizem os que se comprazem a estatiscar o que se rabisca com a ajuda desta espécie de piano que é o teclado, de que irrompem palavras, mas sobretudo frases. Frases que, quando são de pouca vergonha, não têm os dias contados...

Eu já percebi que quando escrevo aqui pornografia aumento logo os número de visitantes. Tenho algures um "post" que tem a palavra putas ... Foi, é um êxito. É banal, dir-se-á. É. Mas o Zé quer.

Tenho outro em que, de forma mais ou menos subtil, deito cá p´ra fora o mal que se gosta de ouvir, ou ler ... pela boca, ou pela caneta dos outros. Foi, é um êxito. O Zé quer.

Tanto assim que, de há uns meses para cá, depois que me apercebi da vontade das estatísticas, à cautela, já não passo sem o dicionário de calão do Albino Lapa "à cabeceira" ... Embora ... embora (cito José Saramago in Claraboia) haja "palavras que se retraem, que se recusam - porque significam de mais para os nossos ouvidos cansados de palavras"...

É isso: melhor é a liberdade, ponto final. Com todas as palavras, haja ou não quem as leia. Quero lá saber das estatísticas. Sentado num banco de jardim, se um homem não é livre, quando é que o espera ser?

Cesária Cabo Verde


Já toda a gente ouviu, mas ... Cesária Évora, presente!

José Régio e Portalegre*





 *in Páginas do Diário Íntimo


As ceias

Repartir? Sim! E se sim, actualidade. Abençoada, dizem. Pois claro, acredito.
De tão difícil, só assim pode ser.

Canteiro de palavras (XXXIV) - Capitalismo*

* Vergílio Ferreira in Pensar

"Como é estranho. Mas é assim. Escamoteamos hoje do futuro, estamos à mesma cheios de futuro. Porque todo o projecto é para a eternidade. Mesmo que se não acredite nela ou nele. Quando a eternidade estava além, não se sabia que estava no aquém, ou seja em nós. O além absorvia toda a instabilidade terrena. Mas encerrada aquela, ficámos com o transitório desta. E foi então que pensámos que esse transitório não podia ser. Porque a eternidade não podia ser. Porque a eternidade não se mede pela sua duração mas pela intensidade com que a vivemos. No amor. Numa obra de arte. Num projecto devorador. O grande profeta político é sempre a eternidade que promete, porque sabe que essa é a sua medida inteligível.

Hitler prometeu-a para mil anos, entendendo certamente que era bastante para se esquecer. Mas foi o marxismo-leninismo que, para acabar com mais questões, nos decretou o fim da História. O dos mil anos não chegou aos vinte. O fim da História aguentou-se um pouco mais. Mas eis que também ele foi derrubado da sua mania de titã. O vesgo capitalismo insinuou-se em infiltração no bloco de cimento armado (pela polícia) e fê-lo estalar. Polónia, Hungria e o mais. Mas como supor que a utopia acabou? Há um combate a decidir entre ela e a vida. Mas só se decide no infinito. Porque o homem é o futuro de si, ou seja o mais que nunca é. Penépole não desfazia a teia apenas para suster os seus pretendentes, mas para não ficar sem trabalho. Ou seja, sem o mais que mora no impossível."

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