domingo, 31 de março de 2013

Coisas do "tempo da outra senhora" ( 6 )

Mudam-se os tempos ... mas não se mudam as necessidades ...








E a história daquele homem que lia todos os dias no jornal a secção de Necrologia e depois aparecia em casa do falecido a apresentar condolências (ramo de flores pronto a ser entregue ...) para, de seguida, pedir "roupinhas" deixadas pelo defunto ...


E aquele outro que, atento ao "calendário" mundano, se apresentava, em nome de um jornal de Setúbal (?), em todas recepções que "metiam comes e bebes" ... Vi-o "em acção"...

Cartas ao Zé

De um "e-mail" recebido:

"FELIZ PÁSCOA 2013

Sem Coelhos para alimentar,
Sem Relvas para cortar,
Sem Portas para fechar,
Sem Seguro para pagar,
Sem os roubos do Gaspar"


Sem Sócrates p'ra lamentar ... - acrescenta-se aqui no jardim7



sábado, 30 de março de 2013

Retrato com moldura


Cristiano Ronaldo

De um "e-mail" recebido, hoje, sábado de Aleluia


Rua Filipe Ferrer - Faro












Conheci Filipe Ferrer numa altura em que, "se bem me lembro", ele estava ligado (também) à promoção/realização de eventos empresariais e eu era o representante formal de um seu eventual cliente. Revi-o agora, pelos modos, com algum atraso, enquanto nome de rua, em Faro, sua terra de origem, depois de, inúmeras vezes, como muitíssima gente, por certo, o ter admirado como artista (artista, em regra, em papéis "bem dispostos" - foi a imagem que deixou, pelo menos). Fiquei contente e ... e se, da boa disposição, e "luta pela vida", recordo algum pormenor é o de me ter dito (encontrámo-nos no Chiado, em Lisboa e falámos de ... de dificuldades financeiras), que estava a pensar escrever um livro onde relataria, logo nas respectivas primeiras páginas (para "agarrar" leitores), as mais escabrosas situações eróticas tidas com uma mulher na cama, fazendo assim do seu trabalho um garantido sucesso editorial ...

Ora bem, meus Amigos, quero dizer-vos que, "copiada" pr'aqui,  para este discreto blogue, a filosofia da ideia-porno do Filipe, a mensagem mais lida, das, nesta altura, quase quatro mil  "postadas" na rua, é aquela que (já o referi algures) mais... mais visitantes tem ... Aliás, aliás ... seguida, de perto, por outra ("postada" há dois/ três meses) que, usando um título (apenas o título) idêntico ao da anterior, e mais vezes clicado, caminha a passos largos para se situar no ... no segundo lugar das mais lidas/vistas na rua - que não se situa em Amesterdão, mas é de um Jardim, de um simples jardim, algures, na capital alfacinha.

Obrigado, Filipe Ferrer!

Canteiro de Palavras - (LXII) Eternidade

Vergílio Ferreira

"Não tenhas pena de ser mortal e de não conheceres a eternidade. Porque a eternidade está em ti, no momento incrível de te desprenderes do teu corpo, da sua miséria e estrume, e te pensares a ti mesmo e te sentires ser. Ou quando uma imagem de outrora, luminosa, ténue, se abre ao teu imaginar. Ou quando, fulminante, uma obra de arte. Ou quando, violento intenso instantâneo, o todo de uma mulher. Ou quando pela manhã a terra espera em silêncio que o dia vá começar. Ou quando. A eternidade mora em nós e na vida, deixa 
apenas que ela se diga e te habite. E serás mais do que Deus, cuja eternidade passou."

sexta-feira, 29 de março de 2013

Anatomia das ideias (0026) - as engrenagens e a fome

Foto M.P.











Ferreira de Castro in A Lã e a Neve


"A indústria sofria (...) constantes oscilações. Ora fabricava sem descanso, ora, por escassez de matéria-prima ou parco consumo, diminuia os dias de seu trabalho. Então, homens e mulheres, que à lã haviam entregue a sua vida, defrontavam-se com a miséria mais descarada ainda do que a normal. Com seu fabrico reduzido, a Covilhã, em vez de exportar panos, passava a exportar raparigas para o meretrício de Lisboa.

A sujeição ao destino comum criara, todavia, alguns vínculos entre os descendentes dos primeiros tecelões. No século XX, mais do que sons de flautas pastoris descendo da serra para os vales, subiam dos vales para o alto da serra queixumes, protestos, rumores dos homens que, às vezes, se uniam e reivindicavam um pouco mais de pão."

Soeiro Pereira Gomes in Engrenagem


"De súbito, no patim da escada que dava acesso aos maquinismos, apareceu um vulto com o bico dum aparelho de soldar aceso, na mão direita, e um ferro, na sinistra.

- Aquele que subir, queimo-lhe os olhos! - trovejou, embora incapaz de cumprir tal ameaça.

A multidão parou, estupefacta. À luz do maçarico, a cara de Fariseu, lambuzada de sangue, horrorizava.

- Vamo-nos embora - pediu Micas ao marido.

- Não.Onde Fariseu estiver, estou eu também - respondeu Triste, sem desafiar a chama do aparelho que o salvara.

- Tenham juízo! - berrou, de novo o operário. - Qualquer dia podem aparecer comboios de carvão, e sem máquinas nunca mais haveria trabalho nesta aldeia. A culpa não é da fábrica. É de quem faz as guerras e a fome.

- Tem razão - exclamou Triste. E foi como o sinal para um coro dissonante.

- Queremos pão!

- A gente quer trabalhar, e não tem onde!

Fariseu alongou o braço, e a chama azul do maçarico ficou a brilhar por cima das cabeças. Vamos à vila. O regedor Lãzudo foi-se embora? Pois reclamaremos trabalho ao administrador, que pode mais. Quem me acompanha?

- À vila! À vila! - esganiçou-se a multidão irrequieta e volúvel como as ondas do mar."

Votos de Pázcoa

            Este senhor está zangado ...




















             

            com este, que é seu irmão,


















      


 e só uma Páscoa lhes/nos pode valer ...

                   Que assim seja!


          BOA PÁSCOA para todos 
    os que, nos dias que se seguem, 
                    em particular,
               se "sentarem" aqui 

quinta-feira, 28 de março de 2013

O Outono na Primavera



































O regresso de Sócrates ao luso quotidiano

Jean-Baptiste Chardin
Blanchisseuse



Braga, Quinta-Feira Santa










































































Ser ou não ser, eis a questão

O comentário político não é, não pretende ser, o essencial deste "blogue", mas ...

A vida política é muito engraçada: ontem, depois de cerca de dois anos de afastamento, José Sócrates, ex-Primeiro-Ministro português, como se sabe, foi o convidado de uma entrevista na televisão pública, durante a qual, em total liberdade, foi duramente perguntado acerca do seu passado enquanto ex-responsável-mor da política portuguesa que antecedeu o actual primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. 

Dentro de dias, o mesmo José Sócrates vai passar a ser comentador político convidado da mesma televisão pública. Isto é, de algum modo, vai ser "colega" dos que ontem o entrevistaram e "consentiram" prestar-se, como que a um lançamento de José Sócrates, D. Sebastião, com óbvias consequências nas receitas publicitárias ...

O que é que se passa?



quarta-feira, 27 de março de 2013

Dia Mundial do Teatro - gosto pessoal: as 5 mais ...


Que pode um cidadão comum escrever num "blogue" acerca de Teatro, apesar de tudo, comum de vários?...

Talvez as cinco peças, que, ao longo de 50/60 anos, mais o impressionaram. A saber (interessa a quem interessar ... Vale o que vale ...):

. AS ÁRVORES MORREM DE PÉ, de Alejandro Casona (1946)

. A VISITA DA VELHA SENHORA, de Dürrenmatt (1956)

. DOZE HOMENS FECHADOS, de Reginald Rose (1959)

. O PROCESSO DE JESUS, de Diego Fabri (década de 50, do século XX)

. O TINTEIRO, de Carlos Muñiz (1961)



A Manuel da Costa, organeiro de prestígio internacional *

* ex-bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, actualmente na Austrália


























Umberto Eco, lido, inspirou e ... e a Carta saiu ...

De uma Carta à minha neta, datada de 2006

Umberto  Eco

"Escrevo uma coluna na qual digo, desde a primeira vez em que a assinei, que uma coisa - seja qual for - é actual desde que eu tenha pensado nela nesse dia"


"Em véspera das comemorações do 25 de Abril, tenho ganas de aproveitar para, "postas em sossego" as coisas boas - e foram várias - que a revolução nos trouxe, sublinhar, sem masoquismos e com o fim de dar um contributo, modestíssimo embora, para um certo esclarecimento da juventude, o que foram alguns pequenos-grandes dramas vividos no período que se seguiu à data festejada de cravo vermelho na mão.Aliás, é conhecida a "tendência" histórica para repetições ... É necessário estar alerta. Anotem-se, por isso, meia dúzia de apontamentos, quiçá, enjoativos para os mais velhos, mas talvez interessantes para os que, em 1974, andavam no Ensino Secundário.

Destruição da hierarquia: tivemos enfermeiros a quererem fazer-se de médicos e contínuos a sentarem-se nas cadeiras de empresários experientes. Entre generais e soldados a diferença também ameaçou ser pouca. Alunos ignoraram professores e, nalguns casos, estes chegaram a duvidar dos seus conhecimentos, por mais seguros que fossem.


A traição no quotidiano: viveram-se tempos de autêntica libertinagem e da mais descarada traição. Velhos companheiros sentiram abaladas amizades que supunham sólidas. Filhos rebeliaram-se contra pais e vice-versa. Famílias inteiras houve onde a cordialidade foi banida, como coisa ultrajada.


Saneamentos e sequestros: reuniram-se assembleias em nome de interesses ditos superiores para "votar" a desorganização das empresas e expulsar, às vezes, sem uma ponta de razão, os que mantinham as suas estruturas de pé. Sequestrou-se a pretexto de nada. Fomentou-se o clima do mal-dizer. Abriram-se as portas aos, e às, profissionais da coscuvilhice. Reduziram-se ao silêncio os incómodos. Fechou-se gente em gabinetes. Condenaram-se quadros à inacção. Matou-se - com armas mais refinadas do que as de fogo.


Suborno e chantagem: acordaram-se especuladores. Roubou-se à descarada. Assaltou-se e saqueou-se a propriedade privada. Enveredou-se pelos caminhos do suborno e a chantagem surgiu à luz do dia. Simularam-se, ou exageraram-se, desgraças para obter benefícios de toda a ordem. Incentivou-se a vingança ... da vingança.Instalou-se o ódio. Manipulou-se a informação. Avivou-se a alcoviteirice e a regateirice.


No trabalho e na política, radicaram-se posições. Despertaram-se antigas querelas. Quebrou-se o verniz. Liquidaram-se os eficazes. Promoveram-se inaptos. Caíram máscaras. Vieram à liça carradas de oportunistas - de todos os quadrantes. Viraram-se inúmeras casacas ... Mentiu-se descaradamente a diversos níveis. Soçobrou muito trabalho sério e ordeiro. Envenenaram-se relações de trabalho. Assaltaram-se as finanças públicas, Inventou-se o bem-estar por decreto. Preguiçou-se. Soltou-se em força o desemprego. Centenas de patrões e trabalhadores ajustaram contas de forma pouco ortodoxa. Falou-se em excesso e falseou-se demais. Instalou-se a dentada sorridente. Imperaram os pulhas. Revelou-se um sem número de heróis de algibeira. Portugal como um todo: ignorou-se. Entregou-se em nome de princípios, mas esqueceu meios. Perdeu uma determinada credibilidade externa. Satisfizeram-se alguns apetites internacionais. Passada a fase do "folclore", resvalou-se para a desgraça da pedincha. Endividou-se de maneira desastrosa. Esteve à beira da bancarrota. Entrou na corrida dos grandes dominados pela inflação. Perdeu a vergonha. Enxovalhou a bandeira e o hino nacionais. Troçou da Igreja. Omitiu os sentimentos populares mais profundos. Faltou-lhe coragem. Fingiu, deu-se ares, andou aí a exibir pontes que outros haviam construído, Prostituiu corpos e vendeu almas.


E ganhar? O que ganhou? Ganhou, de facto e sobretudo, a grande, a enorme possibilidade de dizer tudo sem receios. O que é importante, importantíssimo. Mas não é tudo: falta libertar completamente a criatividade que, esta sim, esmaga deuses - à esquerda e à direita. E, por natureza, é jovem. Com ela, e por ela, vale, apesar de tudo, festejar a data. Sem mentiras. P´ra frente. Começando por descobrir os Descobrimentos, a pensar, para já, no 1992 a haver. Conscientemente. Não por estar na moda. E "ser bem".


Abril de 1988

Já passou (2006). Já foi. Mas foi. E a volta deu-se. Apesar de tudo, sem derramamento de sangue. Salazar, a quem chamavam "o botas", agira, no mínimo, como um rural em S. Bento, rodeado de pides, de censores, de gosmas, e imaginando um Portugal à sua própria imagem e semelhança de homem pouco respeitador, de facto, das liberdades e direitos dos seus concidadãos. E aqui estamos nós, ultrapassadas as tormentas, documentos assinados, na Europa que se deseja garante de paz e bem-estar. Que é uma coisa jovem. Se for livre, isto é, respeitadora de si própria e da identidade de cada um dos seus pares. Sem muros ideológicos ou de betão. E sem medo de escutas ou de vizinhos de orelhas coladas às paredes.

Portugal teu, meu, nosso - suado, mais trabalho do que "passeatas". Alfabeto e, se possível, culto. Democrata. Sem donos antigos com novos, ou velhos, disfarces.

Se te cheirou a panfleto, desculpa, mas esta é a minha verdade. A verdade que, segundo Umberto Eco, "é actual".

terça-feira, 26 de março de 2013

Jornal O SÉCULO - episódio breve da história esquecida

Nada contra as manifestações públicas de desagrado. Tudo contra a manipulação dessas manifestações, com Grândolas, com bandeiras monocolores, com manifestos traços de igualdade forjada em gabinete.

... e aquela vez em que, no republicano jornal O Século uma horda que mais parecia de malfeitores, encabeçados pelo jovem que, há um mês ou dois, acabado de ajudar a promover (por mérito laboral, sublinhe-se) me entrou no gabinete a exigir, ainda hoje não sei bem o quê - depois de dias antes lhe ter negado convite para me filiar no MES-Movimento de Esquerda Socialista, com que, na conjuntura, meia dúzia pretendia combater comunistas, socialistas, sociais-democratas, democratas-cristãos, MRPP's, etc, ao serviço do jornal ...

Só um pormenor recordo com nitidez, perante a turbamulta em presença (uns dez ou quinze infelizes) com o recém-promovido à frente: o momento em que peguei numa fotografia que tinha em cima da secretária, e que disse aos do grupelho que só ali voltaria quando "lavassem com agulheta o que tinham acabado de fazer ..." Frase que repeti, enfática, minutos depois, à administração "militar" que, pelos modos, fora "designada" para "segurar" aquele republicano e tradicional órgão de informação - que acabaria por falir e deixar no desemprego centenas de trabalhadores, claro. Pela parte que me tocou, no dia seguinte, comecei a funcionar no que viria a ser o JORNAL NOVO, inicialmente, dirigido por Artur Portela, nos primeiros momentos, numa sala do lisboeta Hotel Altis.

Porque é que só hoje "conto" este episódio? É porque, um dias destes, depois de uma longa conversa com pessoa amiga, senti que o devia fazer quanto antes... É bom, é fundamental, conhecer as fachadas dos "prédios", mas não se perde nada ver-lhes, observar-lhes as traseiras ... Como as do Bairro de Alvalade, em Lisboa, a que me referi, aqui, há dias ...

O cão e o miúdo


Coisas do "tempo da outra senhora" ( 5 )








. Os miúdos, e à vezes os graúdos, em Lisboa, penduravam-se no "eléctricos" para viajar sem pagar bilhete (em consequência, de vez em quando levavam com o alicate do condutor ...).

. Os retratos para o BI, por exemplo, eram, frequentes vezes, tirados, aqui no jardim, por fotógrafos à la minute.

. Havia quem, sobretudo em Lisboa, fizesse pão em casa.

. Parte da população, em particular, na província, não tinha casa de banho e, no exterior, "limpava" o cú a uma pedra ...

. Na escola primária, a ardósia era uma espécie de quadro portátil. O computador era impensável.

. Mangas de casaco, ou de camisa, eram frequentemente lenços de assoar... Sobretudo, para a garotada.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Trovas antigas, saudade louca























"A TUA CARA NÃO ME É ESTRANHA" ( 1 )


Benfica-Torino 4-3 *

* "Um inexplorado ponto de vista", na 6ª edição da FESTA DO CINEMA ITALIANO, no cinema S. Jorge, em Lisboa. 24 de Março de 2013

Da sinopse da programação (IL PROGRAMMA):

"A equipa do Grande Torino passa os seus últimos dias em Portugal, para participar no jogo amigável em homenagem a Francisco Ferreira. A 3 de Maio de 1949, no Jamor, o Benfica e o Torino vão mostrar um belo espectáculo de desporto, marcando sete golos no total. Mas o dia a seguir, na viagem de regresso, um trágico acidente de avião custa a vida a toda a equipa italiana. A desgraça gera grande comoção no mundo e nomeadamente em Portugal. Milhares de pessoas juntam-se às portas da Embaixada de Itália para dar os seus pêsames."

É um filme com argumento de Andrea Ragusa. Fotografia de Nuno Figueiredo. Montagem de Massino Gasole. Música de Mauro Carrero e Produção de Figura Film.

Em representação do Sport Lisboa e Benfica, discreto, Eusébio da Silva Ferreira, muito aplaudido, na "matinée" do Cinema S. Jorge





















































































































domingo, 24 de março de 2013

Entrada para elevador de SANTA JUSTA, em Lisboa


O Sporting Clube de Portugal já tem presidente

O barco de confiança dos portugueses?

Do lido, o sublinhado ( 28 )












Alçada Baptista in Peregrinação Interior (Reflexões sobre Deus)

"(...) As pessoas andam muito preocupadas com o tempo que estamos a viver e eu acho que há algumas razões para isso, o que não justifica que se perca completamente a cabeça nem que se comece à caça das bruxas de aquém e de além mar.

Qualquer articulista estabelecido começa hoje a sua crónica de fundo falando "nos conturbados tempos que estamos a viver". A palavra "apocalipse" retomou o seu significado e o seu uso, e as pessoas ou vivem comendo o pão da véspera com o dinheiro do dia seguinte ou entram em positivo pânico à mais pequena reflexão sobre as perspectivas do nosso pequeno globo e da sua história mais próxima. Por outro lado, verdade é também que o mundo nunca progrediu com aquilo a que chamam "a ordem e a tranquilidade". As ordens e as tranquilidades que me foi dado conhecer e aquelas de que pessoalmente usufruí não me foram ordenadas nem tranquilas. Foram e são uma superficial quietude podre de quem anda a ver se aguenta de pé a podridão duma casa que não tem condições para isso. Solução: mandarem-nos andar devagarinho.

Viver numa casa podre é perigo iminente para as crianças, para os adolescentes e até para os homens maduros. Os velhos é que lá se vão arranjando, porque entre o cair da casa e o seu cair pessoal apostam na sua morte. "Isto enquanto eu durar ainda aguenta", dizem eles para os botões da sua própria mortalha, e nunca souberam que a única forma de permanecermos vivos é estarmos atentos ao mundo onde possa ir cabendo a verdade de todos com o que vai trazendo de verdade e de razão.

(...) Tempo assim é tempo de advento. Tempo em que se esperam coisas novas e em que é preciso prepararmo-nos para elas."

Semana Santa em Santo António dos Cavaleiros

A Procissão - talvez um pouco maior do que em anos anteriores.
Sabe Deus porquê ... E nós, se calhar, também ...





















sábado, 23 de março de 2013

Cartas ao Poder ( 2 )

Caro, caríssimo Poder

Em primeiro lugar, gostaria que soubesses que preferia tratar-te por querido Poder do que por caríssimo Poder... 


É isso: a ser verdade o que, repetidamente, me dizem os muitos "e-mails" que recebo a teu respeito, a nota, sim, a nota, a salientar é que, enquanto aumentas impostos, te serves de carros das melhores marcas e altas cilindradas e comes quase de borla no refeitório da Assembleia, que é da República - tu e os teus familiares mais chegados, se der jeito. É o que aparece escrito por aí.


Ora, Caríssimo, não pode ser. Tens que dar o exemplo e rever o assunto, eventualmente, incómodo para as tuas finanças, mas, se abordado com seriedade importante do ponto de vista, sobretudo moral, para todos nós, que votamos. Não disfarces: vai às tuas remunerações, às tuas ajudas de custo, à cilindrada dos carros que puseram à tua disposição, aos jantares e almoços que ofereces, às viagens que fazes ao estrangeiro (quanto é que lá gastas, quanto?...) e depois, só depois ... aparece. Até lá, se fosse a ti, tinha vergonha de, quase todas as semanas, decretar cortes e mais cortes ao Zé e ... e, ou me demitia, ou seguia os passos do ... do antigo presidente Teixeira-Gomes, por exemplo.


Pensa nisto. E ainda que discretamente ... decreta discrição. Para ti e para os teus.


Palavras cruzadas (XXV) - Pessoa(s)

M. Teixeira-Gomes

"O assunto importa pouco ou nada; tudo está no artista ..."

José Régio

"Geralmente, só tem uma forma de beleza equilibrada e plasticamente perfeita quem só tem meia dúzia de sentimentos, de sensações e de pensamentos ..."

Bernardo Soares

"Criei-me eco e abismo, pensando. Multipliquei-me aprofundando-me."

Henrique Galvão - duas fotografias, um curriculum





























A Óscar Lopes, no dia seguinte ao seu passamento

No dia seguinte ao passamento do Professor, que era comunista, uma referência a nomes que, por certo lhe foram gratos, não tanto, ou não mesmo, na literatura, mas na militância convicta a que também dedicaram a sua vida.

Transcrevo-me (Diário de Coimbra? 1995):

"TRIGO NO JOIO

Apesar da forte impressão negativa trazida de uma Rússia visitada em plena ditadura brejneviana; apesar da, entre nós, turbulência comunista-gonçalvista; apesar do, ainda fresco na memória, ruir do Muro, a verdade é que não é sem alguma emoção que, na Fortaleza de Peniche, se percorrem os corredores de acesso às celas em que Carlos Brito, Álvaro Cunhal, Aboim Inglez, e tantos outros, sonharam um Portugal diferente, democrático, na sua linguagem, em horas, por certo, do maior desconforto - em nome de ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, que, viu-se mais tarde, na prática, vários, de igual ideologia, não conseguiram transformar em riqueza equitativa (cultural, económica, social, política).

Seguro de que o difícil é o equilíbrio, resta dizer baixinho a poesia sangrada no desespero das celas 10 e 13 - 3º andar, pavilhão B:

Nem uma folha verde a sugerir a floresta
nem uma só aresta na parede lisa
nem uma breve brisa e nem sequer
uma sombra qualquer humana se divisa

Apenas esta ausência nua e crua
de tudo e de todos num silêncio a rodos
o nó que se não ata nem desata
da solidão abstracta e tão concreta

Mas mesmo neste esquife escuro e escasso
Amortalhado em vestes de cimento e aço
Basta estar vivo, basta!
que a seiva sobe
a terra gira
a vida é vasta.

Cada noite levo comigo para o leito
uma pequena brasa de memória acesa:
pode ser que a chama cresça o sonho aqueça
pode ser que apenas em crista se desfaça

Cada manhã desperto quando o sol refeito
da noite acorda toda a natureza
pode ser que a esperança agora amadureça
pode ser apenas mais um sol que passa."

sexta-feira, 22 de março de 2013

Óscar Lopes, presente!

"Conheci" Óscar Lopes (a obra é o homem) em 1958, quando, sem desvio do salário que mensalmente entregava a minha mãe, aproveitei os escudos então ganhos com uma colaboração eventual num semanário, e  comprei a sua, na altura, 2ª edição da História da Literatura Portuguesa, escrita em parceria com António José Saraiva, como se sabe. 

Tenho-a aqui. Numa edição da Porto Editora, inúmeras vezes consultada, ao longo dos últimos 55 anos, sem nunca lhe ter descoberto qualquer "facciosismo" político ou outro. Por isso, e por nos ter deixado simplicidade e obra - Óscar Lopes, presente! Na memória e na estante, ao lado de outros que, sem filiação partidária, ou com ela, fazem parte de um canteiro de palavras (e saberes) a preservar. 

Serviço Nacional (?) de Saúde












Falemos de racionalização dos meios, no caso, ao dispor do chamado Serviço Nacional de Saúde: porque é que os registos individuais inseridos no computador pelo "médico de família" não estão disponíveis em toda a rede pública de saúde? E, por exemplo, os registados num hospital público não estão acessíveis ao "médico de família"?

Fala-se tanto em racionalização, em eficácia, em ...

Ou será que, ao tornar-se um esquema aberto ao nível médico (público), a indispensável confidencialidade corre o risco de se perder e, afinal, "isto", isto em que escrevo, é uma treta no que respeita, nomeadamente, a segredos profissionais?

E, já agora, a ser possível uma tal "troca de informações" a nível médico, porque é que não se vêem por aí cartazes a reclamá-la? Não dá queda de governos, é? Não é um assunto mediático, é? Tem que ter cor, é? Afecta "interesses instalados", é? Tem mais riscos do que benefícios? Expliquem-se. Expliquem-nos. Este "post" não é confidencial: srs.Vermelhos, srs. Laranjas, srs. Amarelos, srs. Verdes, a coisa pode não dar tachos, mas, caramba, pode trazer melhor saúde.

- Gente do Jardim, se vos parecer bem, não se calem ... Melhorem a ideia, se for o caso, mas não desarmem. Grândola só continuará morena (quer dizer, saudável...), se não lhe subir o sangue à cabeça ou a palidez à face ...

PS: não sou filiado, nem porta-voz (visível ou invisível) de nenhum partido político. Portanto, ninguém é obrigado, nomeadamente, a sentar-se aqui ou a falar a partir daqui ... No caso, é a SAÚDE a dominante. Disse.

Ler Madame Bovary em 1961, em 2003 e em 2013












Madame Bovary é um exemplo. Mas poder-se-iam aqui sublinhar milhentos: "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades".

Compreender a mudança. A dos outros e a nossa. Madame Bovary lido e analisado por mim, pela primeira vez, em 1961 e 42 anos depois e um dia destes ... Em traduções diferentes, é certo, mas ... O que nós mudamos!... No essencial, não diria, mas na "mais crescida" dissecação quase anatómica, do que se lê e se interpreta. O fascínio do diálogo interior lido a partir de sublinhados e notas em duas edições distintas do mesmo livro. A ingenuidade, quiçá, e o "saber de experiência feito". E aqui, talvez, o prazer da aventura existencial, o "quanto mais velho melhor ..."Uma boa justificação para ser e estar, sem desperdício de tempo ... Até que, pois claro, sem dramas, o apagador tudo faça regressar a zeros, as Bovary voltam, pelo seu pé, a parecer-nos o que nunca foram e, finalmente, a vontade se encaminha para uma conversa com Gustave Flaubert, lá onde ele possa estar, eventualmente, a ver o que nos arranjou com cinco dos seus anos de brilhante trabalho.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Construção civil algures em Lisboa


Maternidade Alfredo da Costa

Melhor, muito melhor do que aquele hospital de Caracas cuja entrada nas urgências só era possível depois de nos abrirem uma porta com grades de ferro, é, por exemplo, o acesso das visitas na lisboeta Maternidade Alfredo da Costa, onde uma força de aparência e atitudes a lembrar filmes nazis, não percebe que está a tratar com pessoas que vão ver doentes ... 

Inexistente qualquer ligação funcional, a partir da porta da rua, entre a apertada entrada do edifício, e o piso onde possam estar as pacientes a visitar. Mais claramente: não há ninguém que, da entrada do prédio para a chamada enfermaria, cumpra a humana função de, ao menos, por gentileza, dizer às duas pessoas que eventualmente estejam junto à parturiente ou doente, que há, por exemplo, x pessoas que ... que também gostariam de subir - por substituição temporária das que lá possam estar. Os telefones internos existem para alguma coisa ... Argumentar-se-á que isso é uma responsabilidade de quem chega, ou chegou, mas a verdade é que ... não custaria nada essa "delicadeza" por parte da segurança que, como funciona, mais parece a guarda de um estabelecimento prisional de alta segurança. Não de uma maternidade. Fica, à solta, esta nota.









Manifs

A pergunta é sempre esta: num aglomerado como o que a fotografia mostra, quantos sabem, mesmo, o que fazem e porquê ?... E quantos, eventualmente, presos, vão dizer que "iam a passar..."?

quarta-feira, 20 de março de 2013

Na Cinemateca, o espectacular mobilizador

Star Wars, Episódio 2: O Ataque dos Clones

Não li a história, vi as imagens, "submeti-me às imagens durante 140 minutos". Tenho uma ideia do que se

passou, mas ... quase, pessoalmente, inédito, confesso, VI um filme. Penso que houve um vencedor ... Mas

trago este apontamento para aqui para ... para recomendar (?) a experiência vivida. Terá estreado em Maio

de 2002. Deve andar por aí ... E, em casa, as imagens podem ser menos espectaculares, mas dão para

passar quantas vezes se quiser ... A minha experiência, na Cinemateca Portuguesa talvez tenha sido, hoje, a

de "patego olha o balão", mas ...






Ou será que estou a querer dizer que a história não interessa?...- pergunto-me.

Se calhar, também, é isso!...

























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