Para Manuel Costa, organeiro em Sidney, na Austrália
Sé de Lisboa num domingo à tarde. Órgão foi mais importante do que Santo e, sem padres, esgotou, em menos de nada, o espaço dos fiéis - de música celestial.
Oportunidade para cada um dar livre curso à imaginação, conduzido pelo regalo das imagens sonoras envolventes.
Pela minha parte, que não sei se sou ateu ou não, deixei-me levar enquanto os sons brincavam às escondidas, ora atrás das colunas, ora subindo às alturas. Tudo, digo eu, mais Céu do que Inferno, quiçá, de vez em quando, com alguma paragem nos graves...
Pus-me a imaginar o prazer das delícias e a tragédia das labaredas de que oiço falar e, de repente, senti-me a materializar uma e outras, pois que de ambas tenho, como toda a gente (até Saramago...) uma visão terrena a concretizar as falas biblicas que tanto respeito merecem a muitos.
Foi então que, inspirado naquelas vagas de sons, disse de mim para mim: o Céu, para ser convidativo como dizem, só pode ser um conjunto personalizado do que é agradável nesta fase terrena da humana existência - afectos, palavra certa, músicas, leituras e obras de arte que mais impressionam, gestos que melhoram o dia-a-dia dos outros, terrenas paisagens seleccionadas, silêncios, uma boa soneca, todos os prazeres, os da carne, os do cozido à portuguesa e similares (a ver caso a caso), mas, sobretudo, o dos sorrisos (melhor do que o das gargalhadas...Salvo as das crianças...) dos mais novos. A volúpia de estar - não estando. A Paz.
Depois, depois, para os tidos como maus em vida, um escaldão de pés, o jejum nos limites da humana capacidade, os telemóveis e quejandos a tocar permanentemente, o degredo da verdade sem disfarces, a prática obrigatória do bem, numa atmosfera sem órgãos que fizessem sonhar.
Tudo, apesar de, explicitamente temporário, como que a abrir portas para uma vida sem muros entre o Bem e o Mal. Para que morrer pudesse ser continuar - continuar, de imediato ou não, vivendo...vivendo "na maior..." Sem as pasmaceiras que se ouvem por aí em diferentes capelinhas...
Sé de Lisboa num domingo à tarde. Órgão foi mais importante do que Santo e, sem padres, esgotou, em menos de nada, o espaço dos fiéis - de música celestial.
Oportunidade para cada um dar livre curso à imaginação, conduzido pelo regalo das imagens sonoras envolventes.
Pela minha parte, que não sei se sou ateu ou não, deixei-me levar enquanto os sons brincavam às escondidas, ora atrás das colunas, ora subindo às alturas. Tudo, digo eu, mais Céu do que Inferno, quiçá, de vez em quando, com alguma paragem nos graves...
Pus-me a imaginar o prazer das delícias e a tragédia das labaredas de que oiço falar e, de repente, senti-me a materializar uma e outras, pois que de ambas tenho, como toda a gente (até Saramago...) uma visão terrena a concretizar as falas biblicas que tanto respeito merecem a muitos.
Foi então que, inspirado naquelas vagas de sons, disse de mim para mim: o Céu, para ser convidativo como dizem, só pode ser um conjunto personalizado do que é agradável nesta fase terrena da humana existência - afectos, palavra certa, músicas, leituras e obras de arte que mais impressionam, gestos que melhoram o dia-a-dia dos outros, terrenas paisagens seleccionadas, silêncios, uma boa soneca, todos os prazeres, os da carne, os do cozido à portuguesa e similares (a ver caso a caso), mas, sobretudo, o dos sorrisos (melhor do que o das gargalhadas...Salvo as das crianças...) dos mais novos. A volúpia de estar - não estando. A Paz.
Depois, depois, para os tidos como maus em vida, um escaldão de pés, o jejum nos limites da humana capacidade, os telemóveis e quejandos a tocar permanentemente, o degredo da verdade sem disfarces, a prática obrigatória do bem, numa atmosfera sem órgãos que fizessem sonhar.
Tudo, apesar de, explicitamente temporário, como que a abrir portas para uma vida sem muros entre o Bem e o Mal. Para que morrer pudesse ser continuar - continuar, de imediato ou não, vivendo...vivendo "na maior..." Sem as pasmaceiras que se ouvem por aí em diferentes capelinhas...
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