domingo, 6 de dezembro de 2009

Anónimos...


De novo o pacifismo, a ingenuidade, se se quiser, o desabafo da escrita: ontem, telefonaram-nos de um "número anónimo" (como está na moda...), perguntaram se eu estava, disseram o meu nome com todas as letras e, logo a seguir, identificaram-se: "fala da TV Cabo...qualquer coisa", não entendi bem, cumprimentaram-me e preparavam-se para me vender não sei o quê, quando eu, que estava, justamente, a ver, com o maior interesse, um programa na televisão...por cabo, me senti abalroado e, sem grandes conversas, mandei passear o abusador por conta alheia que, usando o meu nome para aquilo que não me lembro de ter dado autorização, me entrava em casa pela porta mais estreita que tenho que é o fio do telefone.


Mas fui compreensivo: não disse porra nenhum, não mandei à merda o meu interlocutor, não lhe desliguei o telefone na cara... Disse apenas: por favor, não me interrompa, embora, rápido, tenha pensado num "vá-se...", que não concretizei.


Acontece que, hoje, a história repetiu-se. A voz não era a mesma, igual era o anonimato visual do tefefone de chamada, o meu nome foi outra vez dito sem falhas: "estou a falar-lhe da TV Cabo...qualquer coisa..." Não percebi bem, saudaram-me e, apressando o discurso, o que queriam era demonstrar a bondade de não sei o quê...Respondi que já fora abordado pela mesma TV Cabo e que não pretendia nada...


"Não!...", disseram-me do lado de lá da linha, "não devemos ter sido nós, mas a TV Cabo não sei quantos que..." Perdi a cabeça e discursei: "basta!... Qualquer dia uma filial vossa ou uma empresa que se diz mãe, sediada em Londres, por exemplo, está a usar os meus dados pessoais para, na sua língua ou noutra, me vender banha da cobra do mesmo grupo multinacional que, entretanto, inventa aqui, fabrica acolá e comercializa a partir de todos os cantos do mundo - em directo e com nomes diferentes...


Vão para a puta que os pariu...Não me chateiem!" (isto não disse...Pelo menos, desta vez...).


Quando neste momento são 12 h e 30 m, no país mais ocidental da Europa, é assim. Aguardo o que me vai trazer o telejornal das 13 horas... Se mo deixarem ouvir...


É a globalização que as caravelas iniciaram...

"Está lá? É o sr. ... Daqui é o Henrique, lembra-se? Estou a falar-lhe de Sagres..."


Imagino a medieval comunicação... Depois, depois...é o que se sabe: ninguém está longe de ninguém.


Um inferno!...

Sem comentários:

Enviar um comentário