segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Cone invertido


Prometi dizer alguma coisa acerca de voluntariado. Lembrei-me de um cone oco e invertido. Na parte superior, a da grande circunferência - tudo.

Depois, à medida que nele se entra, menos largo, até estreitar, estreitar, estreitar e verificar que é impossível ir mais além...

A meu ver, é assim: em tempo de escassez de emprego, para já não falar na inveja dos do activo,
a coisa, se é para durar, pode parecer um posto de trabalho a menos para quem está no desemprego, ou estando dentro da estrutura, não vê com os melhores olhos a colaboração graciosa de qualquer recém-chegado/a. Pode não haver, mas "ouve-se" como que uma espécie de ameaça a um posto de trabalho, de outro modo, de criação viável... E fica instalado o desconforto...

Donde, salvo melhor opinião, voluntário, sim, mas, digo eu, de preferência, de curta duração e em entidades diversas. Para que ganhe a boa vontade, com benefício, acima de tudo, para os visados, e sem prejuízo para ninguém, se possível. Que há situações, como se sabe, em que o voluntário dá tudo, se dá todo... Até fisicamente. Sem que os chamados activos saiam da rotina... Apesar de pagos.

É que, quando se começa a entrar no cone, a eventual boa intenção perde espaço, começa a asfixiar, dá a sensação de alguém querer "roubar"o pão a alguém... E fica toda a gente incomodada...

Mas "blogue" não é catecismo. Isto é apenas uma reflexão. De experiência feita.

Portanto: sim ao voluntariado, claro, mas...mas de curta duração no mesmo sítio e, de preferência, "a convite" dos que dele carecem... Ou em emergências, como é óbvio.

E, voluntariamente, mais não digo. Tanto mais que ninguém me encomendou o sermão. Já agora, se quer ser "aceite" não se meta em inovações... Pode ser "perigoso!..." E ir parar ao topo da parte mais estreita do interior do cone... Você que era movido a boas intenções.

Se isto se aplicar a um país, até pode acontecer chamarem-lhe colonizador... E não o querer, nem poder, ser.

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