Eleições
"...Saí com a Vera. Notei anormalidade porque a Polícia está nas ruas. Fui conversar com um servidor municipal. Êle queixou-se que pagou 5 cruzeiros de onibus.
Eu segui. Olhando os paulistas circular pelas ruas com a fisionomia triste. Não vi ninguém sorrir. Hoje pode denominar-se o dia da tristeza.
Eu comecei fazer as contas quando levar os filhos na cidade quanto vou gastar de bonde. 3 filhos e eu, 24 cruzeiros ida e volta. Pensei no arroz a 30 o quilo.
Uma senhora chamou-me para dar-me papeis. Disse-lhe que devido o aumento da condução a policia estava nas ruas. Ela ficou triste. Percebi que a noticia do aumento entristece todos. Ela disse-me:
- Êles gastam nas eleições e depois aumentam qualquer coisa. O Auro perdeu, aumentou a carne. O Adhemar perdeu, aumentou as passagens. Um pouquinho de cada um, êles vão recuperando o que gastam. Quem paga as despezas das eleições é o povo."
"Juscelino esfola!
Adhemar rouba!
Jânio mata!
A Camara apóia!
E o povo paga!"
Jejum mental
"...A Dona Angelina Preta estava dizendo que vai vender o seu barraco e vai mudar para Guaianazes. Que ele não suporta mais morar na rua A. Fiquei contente ouvindo ela dizer que vai mudar.
Cantamos a Jardineira.
Até eu, o dia que me mudar hei de queimar incenso para agradecer a Deus. Hei de fazer jejum mental, pensar só nas coisas que agradam a Deus."
Gorduras
"Minha luta hoje foi para fazer almôço. Não tenho gordura. Deixei a carne cosinhar e puis linguiça junto para fritar e apurar gordura para fazer o arroz e o feijão. Temperei a salada com caldo de carne. Os filhos gostaram."
Bacalhau
"... Hoje fiz arroz e feijão e fritei ovos. Que alegria! Ao escrever isto vão pensar que no Brasil não há que comer. Nós temos. Só que os preços nos impossibilita de adquirir. Temos bacalhau nas vendas que ficam anos e anos a espera de compradores. As moscas sujam o bacalhau. Então o bacalhau apodrece e os atacadistas jogam no lixo, e jogam creolina para o pobre não catar e comer. Os meus filhos nunca comeu bacalhau. Êles pedem:
- Compra, mamãe!
Mas comprar como! a 180 o quilo. Espero, se Deus ajudar-me, antes deu morrer hei de comprar bacalhau para êles."
Morrer
"Passei o dia na cama. Vomitei bilis e melhorei muito.
...Os filhos estão com receio de eu morrer. Não me deixam sozinha. Quando um sai, outro vem vigiar-me. Dizem:
- Eu quero ficar perto da senhora, porque quando a morte chegar eu dou uma porretada nela.
...O José Carlos perguntou-me se a gente vê a morte chegar. A Vera me mandou cantar.
- Sabe, mamãe, quando a morte chegar eu vou pedir para ela deixar nós crescer e depois ela leva a senhora.
Para tranquilizá-los eu disse que não ia morrer mais. Ficaram alegres e foram brincar."
* O presidente Lula foi ontem ao hospital medir a tensão.
"...Saí com a Vera. Notei anormalidade porque a Polícia está nas ruas. Fui conversar com um servidor municipal. Êle queixou-se que pagou 5 cruzeiros de onibus.
Eu segui. Olhando os paulistas circular pelas ruas com a fisionomia triste. Não vi ninguém sorrir. Hoje pode denominar-se o dia da tristeza.
Eu comecei fazer as contas quando levar os filhos na cidade quanto vou gastar de bonde. 3 filhos e eu, 24 cruzeiros ida e volta. Pensei no arroz a 30 o quilo.
Uma senhora chamou-me para dar-me papeis. Disse-lhe que devido o aumento da condução a policia estava nas ruas. Ela ficou triste. Percebi que a noticia do aumento entristece todos. Ela disse-me:
- Êles gastam nas eleições e depois aumentam qualquer coisa. O Auro perdeu, aumentou a carne. O Adhemar perdeu, aumentou as passagens. Um pouquinho de cada um, êles vão recuperando o que gastam. Quem paga as despezas das eleições é o povo."
"Juscelino esfola!
Adhemar rouba!
Jânio mata!
A Camara apóia!
E o povo paga!"
Jejum mental
"...A Dona Angelina Preta estava dizendo que vai vender o seu barraco e vai mudar para Guaianazes. Que ele não suporta mais morar na rua A. Fiquei contente ouvindo ela dizer que vai mudar.
Cantamos a Jardineira.
Até eu, o dia que me mudar hei de queimar incenso para agradecer a Deus. Hei de fazer jejum mental, pensar só nas coisas que agradam a Deus."
Gorduras
"Minha luta hoje foi para fazer almôço. Não tenho gordura. Deixei a carne cosinhar e puis linguiça junto para fritar e apurar gordura para fazer o arroz e o feijão. Temperei a salada com caldo de carne. Os filhos gostaram."
Bacalhau
"... Hoje fiz arroz e feijão e fritei ovos. Que alegria! Ao escrever isto vão pensar que no Brasil não há que comer. Nós temos. Só que os preços nos impossibilita de adquirir. Temos bacalhau nas vendas que ficam anos e anos a espera de compradores. As moscas sujam o bacalhau. Então o bacalhau apodrece e os atacadistas jogam no lixo, e jogam creolina para o pobre não catar e comer. Os meus filhos nunca comeu bacalhau. Êles pedem:
- Compra, mamãe!
Mas comprar como! a 180 o quilo. Espero, se Deus ajudar-me, antes deu morrer hei de comprar bacalhau para êles."
Morrer
"Passei o dia na cama. Vomitei bilis e melhorei muito.
...Os filhos estão com receio de eu morrer. Não me deixam sozinha. Quando um sai, outro vem vigiar-me. Dizem:
- Eu quero ficar perto da senhora, porque quando a morte chegar eu dou uma porretada nela.
...O José Carlos perguntou-me se a gente vê a morte chegar. A Vera me mandou cantar.
- Sabe, mamãe, quando a morte chegar eu vou pedir para ela deixar nós crescer e depois ela leva a senhora.
Para tranquilizá-los eu disse que não ia morrer mais. Ficaram alegres e foram brincar."
* O presidente Lula foi ontem ao hospital medir a tensão.
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