Era uma miúda simples, bem disposta, que, às vezes, poucas, brincava com a Isabel e outras crianças da mesma idade, na nossa rua, entre o número 11 e o 15, vinte metros adiante. O tempo regou-lhe, entretanto, a vontade de vencer tudo: as dificuldades próprias ou não, da idade, as inquietações políticas e do crescer, e hoje aí temos a mulher insofrida a que já não chega ser a Margarida Sequerra para, na poesia, surgir com o seu primeiro livro na mão, subscrito por uma tal Patrícia Taz que, eufórica, nos entrou pela casa dentro a dizer: "aqui está o meu livro. Espero que goste." Disse-o, especialmente a minha mulher, para logo acrescentar: "espero que gostem...", incluindo-me como pai da Isabel, com quem riu risos soltos.
Claro, Margarida, perdão, claro, Patrícia. Gostámos. Gostámos, sobretudo, dessa vontade de Estar e Ser - plenamente.
Olha, Moça:
"É a vida. Canta-se o fado
De um presente que é doloroso
Mas o futuro foi-me apresentado
E não poderei passar ao lado
De um amor tão poderoso."
"Dá-me a tua mão.
É tudo o que me resta
Nesta vida onde não há festa
Como a festa da tua mão."
Um beijinho. Dois beijinhos. Que contes muitos: poemas e gritos de presença.
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