Sete horas em território chinês. Com entrada pela Porta do Cerco, em Macau. Sessenta quilómetros e cinco horas de perguntas - ao povo: um motorista de primeira classe (filiado no PC local), uma guia turística que não devia ter mais do que a instrução primária (não filiada) e um responsável por um museu que afirmou ter instrução que deve ser correspondente ao nosso antigo sétimo ano do liceu (inscrito no partido).
De qualquer modo, se, como dizem, o comunismo se caracteriza por uma certa preocupação de igualdade, não há dúvida de que posso dizer que "vi" a China toda e que falei com os seus dez biliões de habitantes. Ou melhor: dialoguei com dez biliões menos trinta por cento, que são os analfabetos com quem não tive tempo de contactar. Mais precisamente, também não fui à fala com os seus dirigentes pardidários, que devem ser muitos...
De todas as maneiras, ao trocar impressões com as "bases", julgo ter tido o direito de não excluir as cúpulas das minhas perguntas. Que foram tantas e tão variadas quanto possível. E sem obediência a qualquer esquema prévio que não fosse o desejo de um esclarecimento amplo, que terminou com um abraço ao responsável pelo museu.
- Abracei o homem, não o comunista!...
Riu.
E - quase sem comentários - aí vão as perguntas e as respostas obtidas dos três elementos do povo que comigo conviveram desde as oito e meia da manhã até às três e meia da tarde de um dia nublado, algures na China.
- Comunismo chinês, comunismo soviético. Dois comunismos?
- Não é comunista quem invade outro país...
- Gostaria de ser rica?...
- Gostaria... mas não tenho coragem de pensar nisso...
- Barracas à beira do rio e mais além casas de bom aspecto exterior. Que dizem os das primeiras dos das segundas?
(sujeito a eventuais interrupções, esta é uma entrevista a "quase 10 biliões de chineses" que irei recordando, agora via NET, nos próximos tempos...).
* Entrevista publicada no suplemento "Sete Dias", do extinto jornal "O Dia"(cont.)
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