Vamos brincar ao faz-de-conta...
Faz de conta que hoje é Dia de Fingir e que cada um pode fazer o que lhe der na real gana...
Começo por mim: saí de casa sem calor e apressei o meu regresso porque me estava a apetecer andar na rua em pelota. Olhei à volta e, conservador, não o fiz.Os trajes menores em que estou agora dão, apesar de tudo, para atender seja quem for que me toque à campaínha...
Escrevo sobre a cidade que ficou para trás: descontraído, sentado à minha frente, na carruagem do Metro, entre o Campo Grande e o Saldanha, um homem, cego de um olho, aninha no colo um coelho com coleira e trela, extensível, de cão, a que faz festas na cabeça.
Isto, enquanto, frente à Praça de Touros do Campo Pequeno se verifica uma concentração de jovens, e menos jovens, com muitas tatuagens, que eu visse, nos braços e anilhas, entre outras zonas do corpo, no nariz, como as vacas charolesas. Preparam-se para protestar contra o espectáculo das farpas cravadas nos chamados, creio, toiros de lide.
Fico a saber, entrementes, neste diz-se-diz-se dos transportes públicos, que uma senhora, convidada para o lançamento de um livro, não comparece ao acto, mas, dias depois, aparece na casa do autor (por acaso, abstémio) a... a oferecer-lhe uma garrafa de vinho do Porto.
Mas como, fora de portas, a língua, às vezes, se solta mais, também fiquei a saber que a mesma criatura do vinho do Porto já tinha faltado a um outro, dito, acto cultural (exposição de quadros a óleo, se bem percebi - sem querer), mas, no caso, num dos dias seguintes, terá oferecido à/ao pintora/pintor (?) em causa duas chávenas de chá e uma embalagem do dito cujo (de boa qualidade, percebeu-se...).
Mentres, colorindo o ambiente sonoro da subterrânea estação do Metro, ouvi, claramente, enquanto não chegava o combóio, a voz de uma jovem bem vestida a falar para o seu telemóvel, distante uns trinta centímetros da boca emissora, "dando a conhecer" ao/à seu/sua amigo/amiga (?) onde, no "seu gabinete" tinha deixado isto, aquilo e aqueloutro.
Passados uns minutos, ali por alturas do terminal de autocarros do Campo Grande, oiço anunciar um "outlet" nas instalações do Estádio de Alvalade e, no ar, o que mais se ouve é bué isto, bué aquilo...
Quanto a mim, como "decidi" que hoje era o Dia de Fingir, caprichei em escrever isto... Que é, no caso (à falta da máquina fotográfica que anda comigo muitas vezes, desde que percebi as vantagens do digital...), o que pode, responsavelmente (?) igualar, ou quase, as exposições de arte contemporânea que estão, em últimas, agora, na CULTURGEST. E que, para concluir, me deixaram a seguinte mensagem: pi - pó- ú - ah! - ui - porra - talvez- oui - leni - com - fod.
Inspiradas, digo eu, numa tarde deste género.
Gostei. Bué.Ou, se quiserem, "à brava!"
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