sábado, 15 de maio de 2010

Nápoles

"Ver Nápoles e morrer."

"Deve-se ver Nápoles antes de morrer."

"Ver Nápoles e nunca morrer."

Napolis, Neápolis, "Cidade Nova", fundada 500 anos a.C.. Estive lá. Estou vivo. E pronto a voltar. À beira do Vesúvio que é ameaça e deslumbramento.Berço do poeta Torquato Tasso e de Caruso.

"Cidade insolente".O caos no trânsito. A condução sem cinto de segurança.Mas também a beleza embriagadora do golfo. Os camarotes habitados no teatro da encosta, onde nos leva o esforço da subida e a bondade dos ascensores.

Mas também, pela negativa, a presença/ausência para quem chega do carteirista disfarçado. E "famosa" camorra, que é o crime organizado, secreto, sobretudo, dizem, em determinadas zonas de Nápoles.O susto! 

Para não falar no contrabando (ganha-pão de muitos...) que, rezam as crónicas, "é uma das mais antigas actividades" da cidade.

A visita que fiz ao burgo foi um embuste. Queixei-me no hotel. Disseram-me: "essa agência tem o monopólio... Mas vamos reclamar..." Descontei o embuste na conta da beleza envolvente. E fiquei, apesar de tudo, a ganhar... Respira-se Cultura. Olha-se para o depois de... 

Enfeita-se o pensamento para o voltar costas... Carrega-se a imaginação com a verdade da paisagem... Treina-se o olhar para a retenção que se deseja eterna... Enriquece-se a imaginação. Admira-se o que na montanha é belo e não se acredita na catátrofe possível, onde agora as nuvens têm a tranquilidade inocente que apela ao esquecimento do que foi Tragédia e hoje é Pompeia arrasada - e atracção turística.

Há Grécia em Nápoles. E se isso não é tudo, apetece-me dizer, quiçá, que...que Nápoles é uma ex-cidade grega, com bordados cariocas... E, por isso, digna do que, para alguns, terá levado Goethe a dizer "depois de ter visto Nápoles..." Isso: morrer.

Morrer? Sem voltar a Nápoles? E ao Rio de Janeiro, que, de algum modo, é uma Nápoles de língua portuguesa? 

Nápoles? Sim.Em muita coisa: na beleza do mar que a banha, no recorte da beira-água, na encosta onde as fotos salientam "presépios" (nem sempre, também, vistos ao pé, pelas melhores razões...), nos perigos do "andar por lá..." E ainda, se se quiserem salientar contrastes: na Europa, frente a Nápoles, o Vesúvio-ameaça; no Brasil, voltado para o Rio, o Cristo-Rei,  esperança de muitos. Que, em parte significativa, falam português, com sabor a "pizza".

Bom é viver! Apesar de tudo, em Nápoles como no Rio, onde a montanha toca os céus - e há verdes que revigoram o melhor da nossa imaginação.

A promessa: continuar em Itália.

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