Foi pela mão amiga do Dr. Leonel Gonçalves, antigo director da Biblioteca do "Diário de Notícias, que uma filha de Renato Sá, me fez chegar (coisa boa!) uma fotocópia de um número especial da revista do "Centro de Cultura Latina" de Goa (1981),"Harpa Goesa", de homenagem a seu pai. Do que aí escrevi, solta-se a saudade:
Renato de Sá - O exemplo vivo de um profundo amor à cultura portuguesa
"Quando nos primeiros dias de 1980 pedi, quer ao Dr. José Blanco, quer ao Dr. Narana Coissoró, alguns pontos de referência para os meus contactos em Goa com vista a um trabalho a efectuar para "O Dia" sobre "Os Portugueses no Mundo", ambos me salientaram a necessidade de ali procurar, nomeadamente, Renato de Sá. Assim aconteceu. Felizmente.
Renato de Sá era, na verdade, o exemplo vivo de um profundo amor à cultura e língua portuguesa: "...eu na minha modesta casa tenho a família com quem convivo falando português; tenho duas filhas que fizeram os cursos em inglês, devido à suspensão do português no liceu. Mas ambas mantiveram a cadeira da língua de origem, tanto no bacharelato de Letras, como no bacharelato de Ciências. A que está em Lisboa, é uma delas: é professora no Colégio da Imaculada Conceição das Irmãs Franciscanas de Maria. É uma pequena minha formada há quatro anos e que já é professora há três.
É uma prova de que a língua vive, que tem alunos. A língua portuguesa não morrerá em Goa - se a apoiarem."
Mas agora reparo que escrevi Renato de Sá era e quero rectificar o pretérito para o presente. Na verdade, Renato de Sá não nos deixou. Renato de Sá é. Renato de Sá permanece na sua obra, no amor lusíada a brilhar, em patriótico testemunho, nos olhos das suas filhas "que mantiveram a cadeira da língua de origem". Renato de Sá só morrerá, de facto, quando desaparecer o último livro de língua portuguesa que ele ajudou a levar para Goa; quando já nem memória escrita haja do que procurou ser, e foi, o Centro de Cultura Latina, em Goa, que ele apaixonadamente fundou; quando desta sua Harpa Goesa, para que hoje escrevo, já nada mais restar do que a saudade.
Bom dia, Renato de Sá! Continuamos. Estamos. Seremos. Somos Portugal!"
M.A.
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