sábado, 19 de junho de 2010

in memoriam

A José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, 1998


1993, 17 de Junho
Cadernos de Lanzarote - Diário I


"Nisto de computadores, a regra de ouro, acabo de aprender, é não avançar um passo sem ter a certeza de poder voltar atrás. Por imprudência minha, foi-se-me o ícone WRITE, impedindo-me o acesso ao que escrevi. Faz-me impressão saber que existe, não sei onde, algo que me pertence e a que posso não chegar... Nem sequer sei onde está a porta que lá me levaria."(obrigadinho, Saramago! M.A.)


1995, 17 de Fevereiro
Cadernos de Lanzarote - Diário III


"A mim estas coisas assombram-me, quase me deixam sem palavras, e desconfio que as poucas que restam não serão as apropriadas. O rapazito que andou descalço pelos campos da Azinhaga, o adolescente de fato-macaco que desmontou e tornou a montar motores de automóveis, o homem que durante anos calculou pensões de reforma e subsídios de doença, e que mais adiante ajudou a fazer livros, e depois se pôs a escrever alguns - esse homem, esse adolescente e esse rapazito acabam de ser nomeados Doutor honoris causa pela Universidade de Manchester. Lá irão os três em Maio, a receber o grau, juntos e inseparáveis, porque só assim querem viver (...)"

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