"Como é horrível levantar de manhã e não ter nada para comer. Pensei em suicidar. Eu suicidando é por deficiência de alimentação no estomago. E por infelicidade eu amanheci com fome.
Os meninos ganharam uns pães duro, mas estava recheiado com pernas de barata. Joguei fora e tomamos café. Puis o unico feijão para cosinhar. Peguei a sacola e saí. Levei os meninos. Fui na Dona Guilhermina, na Rua Carlos de Campos. E pedi para ela um pouco de arroz. Ela deu-me arroz e macarrão. E eu fiquei conversando com o seu esposo. Êle deu-me umas garrafas para eu vender. E eu catei uns ferros.
Depois de conseguir algumas coisas para os meninos comer. Reanimei-me. Acalmei o espírito. Fui no senhor Manoel vender as garrafas. Ganhei 22 cruzeiros. Comprei 10 de pão e um cafezinho.
... Cheguei na favela, fiz o almôço e fui lavar roupas. 3 semanas sem lavar roupas por falta de sabão. As visinhas ficaram horrorisadas vendo a quantidade de roupas que eu lavei. A Dona Geralda esposa do senhor João da Portuguêsa veio procurar a Fernanda dizendo que havia roubado a sua bacia de roupas. E foi vasculhar a casa da mãe da Fernanda. A Fernanda lhe acompanhou até a sua casa eencontraram a bacia na cosinha. Ela pediu desculpas a Fernanda e deu-lhe uma garrafa de pinga. Quando recebeu a garrafa de pinga, ela ficou tão contente. Sorria contemplando a garrafa. Veio elogiando a Dona Geralda.
- Que mulher boa!
O rancor da Fernanda desapareceu porque a pinga entrou como intermediaria."
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