terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Museu de Arte Pó

Não estou no Banco do Jardim,
estou num banco de jardim...

Eventual reforço a um meu "post" de ontem, é o apontamento que, no exercício do chamado direito à irritação, publiquei no Diário de Coimbra, em Novembro de 1998. Rezava assim:

"MUSEU DE ARTE PÓ
Revejo o chamado Museu de Arte Popular, quase em frente ao Palácio Belém, em Lisboa, exactamente no último dia da campanha sobre a regionalização, ignorando, portanto, o resultado do respectivo referendo. Sinto-me, assim, à vontade para dizer ao poder constituido, ou a constituir, seja ele qual for, que o que ali encontrei não foi um museu, mas um conjunto de peças votadas à nacional pelintrice, num espaço, se calhar, por ser ainda do tempo da Exposição do Mundo Português, a cair de podre, com estuque a soltar-se do tecto, paredes "grávidas" de humidade, iluminação deficientíssima ou inexistente, recheio, em muitos casos, coberto de pó, sem o mínimo sinal de conservação, com vigilância reduzida, fotografias a reclamar reforma, e, pior do que tudo, um desconforto intelectual, um cheiro a negligência e abandono de bradar aos céus.

Perante isto e sabendo-se que, entre nós, a culpa morre quase sempre solteira, não faltará quem, ao ler este grito, venha atirá-la para o vizinho. É normal. O que se pergunta é (agora, agora mesmo) onde está (sejamos francos...) o respeito pelas lusas raízes, de que tanto se encheu a boca ao falar de regiões, de municipalismo, de descentralização, de respeito pela "Nação que somos"?

Não sei se é fundamental, ou não, ter, a dois passos dos Jerónimos, do Centro Cultural de Belém e da presidência da República, um museu que caracterize a nossa individualidade e nos distinga de Espanha e dos restantes países do euro. O que sei é que, a mantê-lo aberto ao público, é preciso torná-lo digno, moderno e asseado. Com está, é uma ofensa às regiões, às províncias, aos distritos, aos municípios, ao que quer que seja. É, sob a capa do guarda-pó dos monumentos circunvizinhos, a "surpresa" de umas cuecas sujas, mal-cheirosas e rotas a que insistem chamar Muse de Arte Popular, mas que, tudo abreviado e "actualizado", me apetece crismar de Museu de Arte Pó."

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