quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O dia-a-dia de A TARDE - um episódio eventualmente desconhecido

"Inventámos" uma ida ao Canadá e aos Estados Unidos. Concretamente, a Toronto e a New Bedford para uma aproximação jornalística às respectivas comunidades portuguesas. Mas o jornal não tinha cheta... Entretanto, a deslocação impunha a presença tanto do Fonseca Bastos como minha.

Contas para aqui, contas para acolá, finalmente, lá se arranjou  bago para o avião, e conseguiram-se pernoitas e pequenos almoços em casa de...de padres em Toronto.

Eu "fiquei" com os padres e o Bastos calhou-lhe alojamento de borla em casa da empregada que servia no abrigo dos sacerdotes... E, refeição aqui, refeição ali, lá andámos, mercê de boleias - as mais diversas...

Até que... até que chegou o dia de embarcar para os EUA.Tinhamos bilhetes!...

Perguntámos ao que "capelão da história" em Toronto, quem nos poderia, "graciosamente", alojar em New Bedford e foi-nos recomendado o nome de um padre português e dado o respectivo telefone para que deveriamos ligar mal chegássemos ao destino...

Seguimos tudo "à risca": descemos em Boston, apanhámos um autocarro para o "cú da América" (é assim que era conhecida N.B.) previsto, mas...mas o diacho do padreca nos States respondeu-nos, respondeu-me, desalmado, que não tinha alojamento para nós ("tenho muita pena, meus filhos, mas aqui só recebemos padres..."). Insisti, mas, a certa altura, o "tipo" desligou-me o telefone sem mais aquelas...

"Quanto é que tens aí?..." - perguntámos um ao outro.

Metemo-nos num táxi, por sorte, dirigido por um açoriano, que, face ao "drama", nos levou para um motel, um motel!, nos arredores da cidade... A ideia era ficar uma noite e...e regressar, via Boston, aproveitando as sobras de dólares...

Encurtando: uma vez instalados no motel, longe do centro de N.B., cada um de nós sentou-se na respectiva cama a pensar em eventuais soluções... Foi então que, de repente, me dei conta que (sorte nossa!...)  havia ali uma lista telefónica da comunidade portuguesa na região.

"Eh, pá! Há aqui um estação portuguesa de rádio... Vamos telefonar (as chamadas eram "de borla"...)?

Telefonámos!...

Atendeu-nos um português que disse ter calhado ir "à estação" ( funcionava com programação... programada) ...

"Não se preocupem, venham amanhã a New Bedford que o dono desta rádio é descendente de portugueses e figura política importante por cá... Inclusivé, é dono de um hotel..."

Conclusão: ficámos em New Bedford "na maior" e o que havia a fazer para "A Tarde" ... não demorou...

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