Foto M.P. |
Vale lembrar aqui a significativa carta de
Wellington (e com ela dizer tudo...) escrita em
1812 e enviada para o Ministério dos Negócios
Estrangeiros, em Londres, numa altura em que,
contra os exércitos napoleónicos, o general se
batia vitoriosamente à frente das tropas luso-
britânicas.
"Exmos Senhores
Enquanto marchámos de Portugal para uma posição que domina a aproximação de Madrid e das forças francesas, os meus oficiais têm cumprido diligentemente os vossos pedidos, enviados no navio de Sua Majestade, de Londres para Lisboa e daí, por estafeta a cavalo, ao nosso quartel general.
Enumerámos as nossas selas, rédeas, tendas e respectivas estacas e todos os aspectos pelos quais o Governo de Sua Majestade me considera responsável. Enviei relatórios sobre o carácter, capacidade e índole de todos os oficiais.
Foram prestadas contas de todos os parágrafos e de todos os tostões, com duas lamentáveis excepções para as quais peço a vossa indulgência.
Infelizmente não nos é possível responder pela soma de um xelim e nove dinheiros, do fundo para pagamento de pequenas despesas de um batalhão de infantaria, e houve uma lamentável confusão quanto ao número de frascos de compota de framboesa
entregues a um regimento de cavalaria, durante uma tempestade de areia no Oeste de Espanha.
Este descuido censurável pode ser relacionado com a pressão das circunstâncias, uma vez que estamos em guerra com a França, facto que poderá parecer-vos, senhores, em Whitehall, um pouco surpreendente.
Isto traz-me ao meu objectivo actual, que consiste em pedir ao Governo de Sua Majestade instruções sobre a minha missão, de modo a que eu possa compreender melhor a razão por que estou a arrastar um exército por estas planícies estéreis. Suponho que, necessariamente, deve ser uma das missões alternativas, como abaixo indico.
Prosseguirei qualquer delas, com o melhor da minha capacidade, mas não posso executar as duas:
1. Treinar um exército de escriturários britânicos para benefício dos contabilistas e moços de recados de Londres, ou, talvez,
2. Providenciar no sentido de as forças de Napoleão serem expulsas de Espanha.
O vosso mais obediente servo,
Welligton"
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