"Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal."
- o louvor do telejornal (actualizo)
"É com impressões fluídas que formamos as nossas maciças conclusões. Para julgar em política o facto mais complexo, largamente nos contentamos com um boato, mal escutado a uma esquina, numa manhã de vento."
- ouvido na farmácia ou na bicha para pagar as compras no supermercado (actualizo)
"Para apreciar em literatura o livro mais profundo, atulhado de ideias novas, que o amor de extensos anos fortemente encandeou - apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo escurecedor do charuto. Com que soberana facilidade declaramos: "Este é uma besta! Aquele é um maroto!" Para proclamar "É um génio!" ou " É um santo! oferecemos uma resistência mais considerada. Mas ainda assim, quando uma boa digestão ou a macia luz de um céu de Maio nos inclinam à benevolência também concedemos bizarramente, e só com lançar um olhar distraído sobre o eleito, a coroa os as auréolas, e aí empurramos para a popularidade um manganão enfeitado de louros ou nimbado de raios. Assim passamos o nosso bendito dia a estampar rótulos definitivos no dorso dos homens e das coisas."
- em peúgas, em casa, ao serão (actualizo).
in "A Correspondência de Fradique Mendes"
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