sábado, 30 de abril de 2011

Pascal

Não há dia que, a emoldurar excelentes imagens, mãos amigas "aqui" não façam chegar empolgantes e belos pensamentos.

Em regra, a origem é brasileira, o que, de imediato, acrescenta à vontade de ler, aquele açúcar que, por exemplo, em Lisboa, um Cais do Sodré não tem ...

Retribuo, pois, sem açúcar, mas com a "ajuda póstuma" (1670) de Pascal, que era homem de muitos saberes:



"Nunca nos detemos no tempo presente. Antecipamos o futuro que não tarda, como que para lhe apressar o curso; ou evocamos o passado que nos foge, como que para o deter: tão imprudentes, que andamos errando nos tempos que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence; e tão vãos, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexão o único que subsiste. É que o presente, em geral, fere-nos. Escondemo-lo à nossa vista  porque nos aflige; e se nos é agradável lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro, e pensamos em dispor as coisas que não estão na nossa mão, para um tempo a que não temos garantia alguma de chegar.


Examine cada um dos seus pensamentos, e há-de encontrá-los todos ocupados no passado ou no futuro. Quase não pensamos no presente; e, se pensamos, é apenas para à luz deles dispormos o futuro. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são menos, o fim é o futuro. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver; e, preparando-nos sempre para ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos."

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