Há povos cujo passado glorioso, comparado com outros que foram "descobertos" e/ou colonizados, não consegue expressar-se no seu quotidiano presente. Portugal faz parte desse "absurdo" colectivo dos povos às aranhas... Mas a Grécia, que tanto deu ao mundo, também não acerta; a Itália, rica de passado, volta não volta, revela-nos, pelo seu lado, a sua porca miséria... Etc, etc. É assim. Com nítida, digo eu, excepção para a Grã-Bretanha que lá "arranjou" um esquema para se defender e continua a andar aí pelo mundo, criticada, sem dúvida, mas triunfante, agora com a sua Elizabetezinha, sem grandes estremeções... Tem aquela parlamento com risco ao meio, vai-se passeando pelo mundo de mão dada com os States, pôs toda a gente a falar inglês, enfim, "sabe fazê-las..."
Nós, entretanto, que nos fartámos de remar, de apelar aos ventos, de beber água salgada, de parlamentar, ficámos uma espécie de mãe tísica que, nalguns casos, pariu promissores pimpolhos - mas... mas que continua tísica... Tísica neste espaço geográfico, com a Espanha a empurrar-nos para o Atlântico - o que, pelos modos, note-se, podia ter sido a nossa sorte, se soubessemos ser... ser mais trabalhadores e persistentes em causa própria ... Enfim! ...
Agarremos, entretanto, à falta de melhor do ponto de vista interno, o que a História ainda não tirou a limpo. Oiça-se a voz do Prof. Kenneth Gordon McIntyre, que já nos deixou, e que tive a honra de cumprimentar em sua casa, no Estado de Vitória, na Austrália:
"(...) O essencial das minhas conclusões a propósito da descoberta da Austrália pelos portugueses, baseia-se nas onze versões dos mapas Dieppe, desenhados entre 1536 e 1566. Cada um deles revela um continente, a sul, que podemos identificar como sendo a Austrália. (...) Embora, actualmente, o clima político seja outro, sabe-se que, nestas coisas, quando a eventual descoberta é concretizada por uma grande potência (no caso, a Inglaterra), a respectiva publicidade tem a dimensão correspondente. A enorme divulgação dada às descobertas de Colombo na América e às de Cook na Austrália, podiam ter sido silenciadas se a Espanha e a Ingleterra não fossem, na época, superpotências como tal incontestadas. Portugal sempre foi considerado um país fraco, pequeno e pobre e, portanto, o menos provável
"concorrente" em façanhas deste tipo. Não obstante o seu valioso passado histórico." (*)
Uma coisa é certa (digo eu...): se Portugal pudesse nesta altura inventar um espaço, com o mínimo de condições naturais, para, por absurdo, fazer um país a partir do nada, tinha uma solução:
criar as condições políticas e administrativas para aí se trabalhar e ... e reunir todos os nossos emigrantes espalhados pelo mundo para lá se criar como que um, finalmente, glorioso novo império".
Posta de lado, por absurda, esta hipótese, só nos resta, finalmente, neste quintal, darmos sinais de que, em democracia, TODOS, somos capazes.
Nunca é tarde ... Vota isto.
*in "Entre Vistas nos Arredores das Montanhas Azuis", de M.A.
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