Analiso o programa a partir do meu banco de jardim, numa altura em que o tempo ainda está humido e não me permite, por isso, presenças prolongadas ao ar livre. Sintetizarei, portanto, o a dizer como resultado do que vi e ouvi.
Eureka! "Portugal é um jardim à beira-mar plantado". Exacto. Não é uma descoberta, é uma solução. Com efeito, tomando como amostra o debate no "Prós e Contras" de ontem, e a controvérsia gerada, achei a eventual solução, com uma pequena "nuance":
Portugal NÃO é um jardim à beira-mar plantado", PORTUGAL É O JARDIM À BEIRA-MAR PLANTADO.
Portugal, no extremo da Europa, é o JARDIM. Portanto, não deve nada, não tem que se preocupar com a produtividade para consumo interno. Pode viver tranquilo.
Passámos a jardineiros do mundo, mas, de forma muito particular, a conservadores da Ocidental Praia e arredores, com uma única e assalariada condição: tratar dos espaços verdes e arredores que temos à beira do Oceano (onde se podem também lavar os pés, por exemplo) e...e esperar que, pelo menos a Europa, as gentes da Europa venham usufruir do Jardim que a Banca Europeia e o FMI financiam para garantir o bem-estar de quem chega para estadas que administrará a partir, por exemplo, de Bruxelas, num supergabinete de arquitectos da paisagem, agrónomos, ambientalistas, licenciados em jardinagem.
A nós, com humildade, mas vestidos a rigor, lavadinhos, caber-nos-ão apenas tarefas executivas: regar, limpar o jardim (coisa difícil, mas lá terá que ser...), manter os areais sem beatas, sem latas de Coca-Cola, coisas assim ... O importante é que nem nos visite se sinta bem.
Entretanto, para que tudo aconteça sem desvios, admito a necessidade de, por talhão (antiga província), seja nomeado um Alto Comissáriado Europeu que, em colaboração permanente com chefes jardineiros locais e "o povo trabalhador", dê as suas ordens acerca da paisagem e administre os dinheiros postos ao dispor para que Portugal, de uma vez por todas, seja, na prática o JARDIM À BEIRA-MAR PLANTADO de que fala a sua história secular.
Pessoalmente, confesso, o que solicito é simples: respeito pela minha reforma e usofruto do "meu" banco ... de jardim, digamos, a dois passos do Tejo, que é como quem diz, visto de cima, do Oceano que banha este lado da Europa e lava os pés ao Contenente Americano.
Como se vê, não há Prós nem Contras. Há um Jardim para toda a gente, já historicamente consagrado.Que até, parece ironia, tem um senhor que se chama Jardim e que, como administrador de uma parcela muito florida, se tem revelado particularmente zeloso.
Depois disto, não nos venham agora dizer que temos que pagar ... Pagar o quê?... O Jardim é de todos ... Há séculos. Umas vezes, tivemos cá os mouros, outras os castelhanos, outras os franceses, outras os ingleses (o John Bull, lembram-se?!...) ... Foi sempre assim. Agora é só uma questão de modernização do conceito.
Tá feito. A discussão de ontem no Prós e Contras foi útil: Portugal tem solução. Tem é que dar passos ...
Se não concordarem, paciência, vão para o Ramalho ... O Ramalho sabia disto e até conhecia bem o John Bull, que tinha cá quintas. Sobretudo, no Norte.
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