Receita de feitiço

É o Brasil que me leva a Jorge Amado, é Jorge Amado que me leva aos seus livros, é dentre os seus livros que reencontro Bahia de Todos os Santos e, finalmente, é na Bahia de Todos os Santos (edição brasileira) que revejo a RECEITA DE FEITIÇO que o escritor recapitulou:

"Se o vosso amante, ó jovem triste, fugiu nos braços de outra, se ainda a amais e desejais tê-lo de volta e ver humilhada a vossa rival, então colocai num lugar, por onde ela com certeza passe, o seguinte "despacho"
absolutamente infalível no dizer de pais-de-santo amigos, indiscutidas autoridades em matéria de feitiço:


Farofa amarela (farinha de azeite-de-dendê) à qual se mistura um objeto de uso pessoal da zinha, de preferência uma calcinha, cabelos do sovaco da dita cuja, quatro vinténs, devendo ser um dêles furado no centro, penas de galo prêto sacrificado a Exu (o sacrifício deve ser, se possível, realizado num candomblé por um pai ou mãe-de-santo, o sangue do galo derramado sôbre o fetiche de Exu), tudo isso embrulhado em papel de jornal, amarrado com cordão e pôsto entre duas velas acesas no lugar onde a condenada tenha de passar."

O mais certo é que a vossa rival morra de alguma doença ruim. Não há caso dêsse despacho ter falhado."

Meu saudoso Mestre, seja! A verdade é que, ao que se diz, a capital (Salvador) que conheci em Setembro de 1972, tem, diz-se, 365 igrejas católicas ...

Entretanto, à cautela, aqui deixo nas Novas Tecnologias a fé antiga (?) que ... que nunca se sabe ... Temos calcinhas, os sovacos existem, os vinténs necessários, hum! ...  Quatro, nunca. Todavia, se necessário, por certo, alguém investigará essa como outras carências operacionais.

Campo dos Mártires da Pátria - Lisboa