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Abade eu fui; e se saber de mim
alguma coisa mais quiser alguém
saiba, que versos faço, e os faço assim:
A trinta e cinco reis custa a pescada;
O triste bacalhau a quatro e meio;
a dezasseis vinténs corre o centeio;
do verde a trinta reis custa a canada.
A sete e oito tostões custa a carrada
da torta lenha, que do monte veio;
vende as sardinhas o galego feio
cinco ao vintém; e seis pela calada.
O sujo regatão vai com excesso,
revendendo as pequena iguarias,
que da pobreza são todo o regresso.
Tudo está caro: só em nossos dias,
graças ao Céu! temos em mui bom preço
os tremoços, o arroz, e as Senhorias.
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