terça-feira, 26 de julho de 2011

Sonetos do abade de Jazenite (1719-1789)

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Abade eu fui; e se saber de mim
alguma coisa mais quiser alguém
saiba, que versos faço, e os faço assim:

A trinta e cinco reis custa a pescada;
O triste bacalhau a quatro e meio;
a dezasseis vinténs corre o centeio;
do verde a trinta reis custa a canada.

A sete e oito tostões custa a carrada
da torta lenha, que do monte veio;
vende as sardinhas o galego feio
cinco ao vintém; e seis pela calada.

O sujo regatão vai com excesso,
revendendo as pequena iguarias,
que da pobreza são todo o regresso.

Tudo está caro: só em nossos dias,
graças ao Céu! temos em mui bom preço
os tremoços, o arroz, e as Senhorias.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... "

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