Diz-se pesquisar quando se anda aqui à procura de qualquer coisa, não é? Pois andava eu a p e s q u i s a r na NET e eis senão quando me "salta de lá" o Celestino, em 1945 (imagino-o, claro), a cantar, teatral, na linha do seu falecido irmão, o actor Varela Silva, a cantiga de que me lembrava apenas de algumas palavras seguidas, ouvidas no recreio da Primeira Classe, em Lisboa. Descobri-a agora completa. Era assim, se o tempo não lhe alterou pormenores:
No meu bairro toda agente faz barulho e barafusta,
falam mal, são insolentes
quanto tudo muito custa
É o Manel Sapateiro, mais a Chica do Lugar,
é o António Marceneiro, mais a Micas do Gaspar,
é a Zefa do Carriço, o Zé barbeiro e o filho
é tamanho o rebuliço q'anda tudo num sarilho
Foi ontem ca Dona Rosa que se fez passar por senhora,
teve zanga ca vaidosa que a filha era bordadora
a questão de modos era que uma tal Dona Marmiça
que a gritar era a fera e foi chamar a polícia.
E veio o Manel Sapateiro, mais a Chica do lugar
o António Marceneiro, mais a Micas do Gaspar,
a Zefa do Carriço, o Zé barbeiro e o filho,
foi tamanho o rebuliço q'andou tudo num sarilho.
Quando tudo tava em paz e já ninguém se lembrava,
entrou no pátio um rapaz a vender castanha assada,
eu não sei o que ele fez, viu-se o cesto pelo ar,
e catrapuz outra vez começou tudo a berrar.
E veio o Manel Sapateiro, mais a Chica do lugar,
o António Marceneiro, mais a Micas do Gaspar,
a Zefa do Carriço, o Zé barbeiro e o filho,
foi tamanho o rebuliço q'andou tudo num sarilho.
- Que andavas tu a pesquisar quando te apareceu esta versalhada? - perguntar-se-á.
- Pesquisava relações interpessoais ... no moderno regime de propriedade horizontal.
- Então e encontrás-te lá "isto"?
- Sim! Em 1945, havia muitos pátios em Lisboa e uns dois ou três na zona da escola ... Logo ... Olha, lembrei-me do Celestino e da ... da Zefa do Carriço e do Zé Barbeiro... de que conheço agora vários nessa coisa "nova", levada ao cinema pelo cómico italiano Totó e vivida, hoje, por muitos, que é a propriedade horizontal, onde o existir em grupo é ... É posto à prova. Com domínios ...
- Tá bem!...
Quando posso, costumo ajudar a minha mãe, de 88 anos de idade, a desfazer-se de tralhas e papeis muito antigos, mas, quanto aos últimos, carrego tudo para minha casa, em Lisboa para "passar os olhos" e ver do interesse em guardar para mim própria, sempre na idéia de organizar um album de Scrapbook (album de memórias). Desses papéis antigos, tenho aqui muitos versos que, antes de deitar fora, introduzo algumas palavras no Google para saber se existem, algures, na Web. Tive a sorte de encontrar o seu blog sobre os pátios lisboetas e os versos que o Celestino (irmão do Varela Silva) cantava em 1945. Também os tenho aqui registados num papel muito velhinho que vou guardar religiosamente até porque eram recitados pela criançada, em casa dos meus avós, em dias especiais de reunião familiar como seja o dia de Natal. Para terminar, o meu nome é Teresa Coimbra e creio (não tenho a certeza) que fomos amigos no Facebook. Sem mais, os meus melhores cumprimentos
ResponderEliminarViva! Regressei após cerca de um mês fora desta forma de comunicar. Bom é regressar e encontrar quem nos viu/leu - e o escreveu.Obrigado! Continue na ruadojardim7 e diga-o, se achar bem, a quem goste de aparecer em "bancos" como este. O meu arquivo tem 77 anos. E nele estou, hoje mesmo, a reentrar. Com a alegria de a saber por aí.Cumprimenta o M.A.
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