quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"Açorda portuguesa"

De J.I. d'Araújo

"Pão de trigo sem ter sombra de joio;
Azeite do melhor, de Santarém;
Alho do mais pequeno, e do saloio,
Ponha em lume brandinho e mexa bem;

Sal que não seja inglês - porque é remédio.
Toda a creança assim alimentada
É capaz de deitar abaixo um prédio,
Quatro meses depois de desmamada.

Com este pitéu, sem refogados,
Invenção puramente lusitana,
Os ilustres varões assignalados
Passaram inda além da Taprobana

Fortes p'la açorda, demos nós aos mouros,
Como se sabe, uma fatal derrota;
E aboicoitámos magestosos louros
Para os nobres trophéus de Aljubarrota."

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