"Business game" ou: O jogo das recomendações, nas empresas
"A recomendação serve para colocar um homem que não serve no lugar que lhe serve (a ele). Para os homens verdadeiramente competentes em trabalhos manuais, carpinteiros, electricistas, pedreiros, há as agências de colocações, ou repartições próprias. Mas, para os laureados em leis, em ciências políticas ou em economia; para os diplomados em escolas de magistério, para os aspirantes a professores de medicina, de física ou de literatura; ou para aqueles que não concluiram os estudos porque se distraíram com qualquer coisa - julgam que existe uma repartição de trabalho? Uma organização que diga: são precisos sete professores para tomar conta de crianças no parque comunal de Abbiategrasso ou quinze doutorados em economia política para enviar ao Conselho superior da reoganização administrativa da África setentrional?
Para todos os outros aspirantes a um lugar, foi preciso criar uma instituição providencial, não reconhecida pelo Estado mas à qual o Estado está muito reconhecido. É o Instituto das Recomedações.
( ... ) Muitos julgam que o instrumento principal da recomendação seja a carta pessoal, que, por definição, acompanha o recomendado inteligente-honesto-cheio-de-boa-vontade, desde o protector ao eventual dador de emprego. É um erro. A carta de apresentação, ou de recomendação, é apenas o meio mais seguro para alguém se livrar de um postulante. Não tem a menor eficiência porque é produto de um acordo tácito entre duas autoridades: eu livro-me de um maçador e impinjo-o para ti, tu sacodes um maçador e manda-lo para mim. Puro jogo entre empresas (business game)."
Sem comentários:
Enviar um comentário