Em Setembro, ao que se sabe, não há, oficialmente, diferença horária entre Lisboa e Munique. Porém, quando à dez da noite por cá se começa a tomar a bica, após prolongado jantar, já Munique está a vestir o pijama. Quando em Lisboa são, por isso, duas da manhã, em Munique batem, de facto, as dez da noite. Uma coisa é o que dizem os relógios outra é a verdade das cidades. Munique, na realidade, fecha às dez - para dormir - e abre às sete, ou mais cedo, para trabalhar.
Em princípio, com três excepções: nos fins-de-semana, em dias feriados, e pela Oktoberfest (Festa da Cerveja, que começa num sábado de Setembro e vai até ao primeiro domingo de Outubro, durante dezasseis dias) em que abusa consideravelmente e faz ... uma hora extraordinária, deitando-se às onze da noite. Uns quantos não respeitam esta regra e vão mais uns minutos para Schwabing, que é a zona da cidade conhecida assim como uma espécie de Montmartre - com pouco de francês, muito menos de americano, quase nada de alemão e, muito menos de bávaro. Munique não consome a noite - nem uma hora - a beber champanhe ou "whisky". Munique se decide fazer uma "estroinice" mete-se com a sua loira cerveja e então admite perder a cabeça e pode acontecer que venha a deitar-se uma hora mais tarde do que é hábito. Fá-lo, contudo, excepcionalmente. E mesmo que tenha que depois levar a noite em diuréticas viagens, às sete da manhã, ou antes, já completamente despejada, recomeça a trabalhar. Metódica, , sem perturbações urinárias, com certificado daquilo a que se poderia chamar "uma bebedeira alegre e cientificamente elaborada" (...).
* in À Sombra da Minha Latada, de M.A.
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