segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Geografia - Parabéns, Brasil! 1












"Falar do Brasil. Não do Brasil-favela. Não do Brasil-ele-todo. Mas do Brasil-Rio de Janeiro. Do Rio-Samba. Sem favelas.

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O Rio é excessivamente belo para se falar dele. O Rio vê-se, sente-se, ama-se, olha-se nos olhos, dá-se-lhe a mão, aperta-se contra o peito, mas em silêncio, em recolhimento, em êstase. Quanto mais se fala menos se diz. Ver de olhos rasos de água pela emoção cerra a boca, contrai o peito, tolhe os movimentos, esmaga. Falar do Rio é descrever o Belo e este quando o é não consente palavras, pelo menos muitas palavras.

No entanto, como esquecer Guanabara?! Como não ter presente o Corcovado, o Pão de Açúcar, a Vista Chinesa, na Floresta da Tijuca, todo o Rio?!

Guanabara vi-a a primeira vez coberta por neblina. Era manhã, fim da manhã de um dia de Agosto. Quando acordámos todos nos dirigimos instintivamente para a amurada do navio fazendo previsões meteorológicas. O dia nascera nublado e a famoso Baía da Guanabara não estava longe. Receava-se não poder ver toda a beleza da entrada no Rio de Janeiro por mar. E assim aconteceu. De facto, volvidas algumas milhas, tínhamos a bombordo a silhueta da Baía da Guanabara. Não viria a ser para mim, contudo, uma desilusão o facto de não se ver bem o recorte de toda a Baía. O que tive, então, oportunidade de contemplar foi igualmente belo: era toda aquela série de morros coberta de uma névoa acinzentada e formando quase como que uma cordilheira com elevações de tonalidades diferentes consoante a distância a que se encontravam de nós. Para além de tudo, um Cristo Redentor que se tornava necessário procurar entre a neblina. Sabia-se que estava lá, no alto do morro, no meio das nuvens. Todos o procuravam com ansiedade. Para além da beleza paisagística dir-se-ia que se passava mais qualquer coisa ... Para muitos terá sido, para além de tudo, o momento do suave entreabrir de uma porta e de ouvir uma voz amiga dizendo como no conto: "aqui estou". Cristo, na verdade, surgia lá no alto cada vez mais nítido (...)."

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