Se todo o ser ...
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Sophia de Mello Breyner Andresen
in Antologia das Mulheres Poetas Portuguesas
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