O canteiro investigador

Raro é o dia em que, no Jardim, não aparece alguém com uma história de vida a merecer registo. É gente simples, em regra, gente sem nome no FACEBOOK, que, bastas vezes, tem calos nas mãos e que, sem demagogia, se apresenta para a conversa, para falar das suas "investigações", ou de tudo e de nada, mas sempre com cativante simplicidade - e, bastas vezes, interesse ... Vamos hoje, por isso, ao Museu do Mármore. Exacto: Museu do MÁRMORE. Em Vila Viçosa.

Atente-se na imagem que eu a seguir, vá lá! ..., ponho a lente em frente do recorte de jornal para que nem um só eventual pitosga (comum ou intelectual) fique de fora.

"O que tu vês é belo; mais belo o que suspeitas; e o que ignoras muito mais belo ainda" - terá dito um autor desconhecido, citado numa edição de Húmus, de Raúl Brandão.

"Ovos assados
Já um pouco cansado o Acácio Filipe não esquece, no entanto, dezenas de projectos abandonados ao longo dos anos por falta de tempo e dinheiro. Um motor hidráulico que funciona sempre com a mesma água (?), um outro motor com íman natural ou também o "soro filtrado que tanto vigor me tem dado. Subo as escadas do meu prédio muito mais depressa que a minha mulher. E sabe porquê? Porque todos os dias bebo o meu soro", afirmou-nos.

"Dediquei toda a minha vida à investigação e sempre de espírito aberto. Se toda a gente faz ovos cozidos, estrelados e escalfados, porque não assados" Este é o lema do "médico da pedra".

"Durante muitos anos trabalhei numa oficina, mas agora faço as minhas encomendas particulares e as experiências cá em casa, ali na varanda", explicou-nos ainda.

"Às vezes arrelio-me porque gostava de ter a casa arrumada mas não posso", segredou-nos a bem disposta Luísa. "Ele não vai ao futebol, nem passa as tardes a ver televisão. A paixão dele é a investigação", acrescentou.