sábado, 21 de abril de 2012

Anatomia das ideias ( 0020 ) - Primaveras

















Dizem que começou hoje a Primavera. Aqui, onde moro, não dei por isso. Pôs-se muito vento. O céu apresenta-se pardo. As pessoas que vejo através dos vidros da janela  parecem-me encolhidas com o frio. Ná, se não chegarem melhores dias, pelos modos, tenho que esperar por melhores anos. Eu e os que vejo por entre cortinas. Encolhidos. Com frio por fora e por dentro.


Mas, já que não está tempo para saídas, vou à NET ver se há por aí alguma Primavera que me alimente a imaginação. Não é fácil. Deixando de lado a do calendário, o que me aparece é:


Primavera dos Povos em 1848


Primavera de Praga entre 5 de Janeiro de 1968 e 21 de Agosto do mesmo ano


Primavera Marcelista de 1968 a 1970


Primavera Árabe entre 2010 e 2011


Com expressões públicas diferentes. Mas apelidadas como tal. Entretanto, como esta, em Portugal, quase não me ocorrem outras. Houve, sim,  Invernos a que alguma imprensa da época chamou Primaveras, mas não contam ... Não contam, por exemplo, porque, no A BEM DA NAÇÃO dessa altura, do que recordo é de meu pai a trabalhar três dias por semana ... Ora isso, não era Primavera nenhuma. Eram dias parecidos com os de hoje, em que nos arrefecem os pés - e aquecimentos, se os há, estão pela da hora da morte.


Ainda se, ao menos, cheirasse a flores... Mas não: cheira é a estrume. Se hoje é o primeiro dia de Primavera, não é, pelo menos, o que dizem as notícias portuguesas... E, se querem que vos confesse, sinceramente, a mim, aquilo a que me cheira, com a vossa licença, nem é bem a estrume é a ... a bosta seca, eventualmente, com influência de uma camada de ar vinda, nomeadamente, dos Campos Elísios ou de Bruxelas, não sei ao certo.

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