domingo, 22 de abril de 2012
Este jardim de que vos escrevo ...
Este jardim de que vos escrevo, se falasse, contaria coisas que, se fossem coisas de adultos, envergonhariam qualquer mortal ...
Quando, ali a dois passos da escola, e de casa, a professora, D. Celeste, de seu nome, me perguntava pelo caderno dos exercícios de Aritmética, eu, sistematicamente, dizia-lhe que me tinha esquecido dele em casa ...
Era mentira, ou melhor, não o tinha comigo porque seria o mesmo que nada por ... por "não terem nada feito" - e brincadeira não ser solução ...
Mas D. Celeste, ía jurá-lo, sabia-o e era sempre a mesma história: mandava-me ir a casa, buscá-lo ... Quinhentos metros até lá, quinhentos metros até à escola ... Todas as semanas.
E sempre, sempre a mesma coisa. Mas até aqui, enfim ... Só que, lembro-me bem, eu ia a casa numa corrida e, antes de entrar na escola com o caderno de exercícios da minha detestada Aritmética, sentava-me num banco do jardim e ... e, lido(s) o(s) exercício(s) marcados na véspera pela professora, tentava acertar nos resultados para que, pelo menos na aparência, a coisa passasse ... Regressado à escola, o meu caderno ía então, sistematicamente, para o monte onde estavam os dos meus colegas ...
Até ao dia em que, tendo acontecido tudo como já era quase hábito, a D. Celeste escolheu o meu caderno de exercícios para base da lição da manhã e ... e encontrou tudo errado ... Foi o desastre! Aritmética, não! Matemática, não! Minha mãe foi chamada ...
E é disso que também me fala o Jardim. Ou melhor: diz-me que só o Leopoldino e eu é que passámos com distinção ... Está escrito.
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