sexta-feira, 27 de abril de 2012

Socialismo em discussão no coreto do Jardim

Tudo começa junto ao Parque Infantil do Jardim. Mas fomos andando e agora é à beira do coreto que a conversa anima: socialismo, é o tema de fundo.

Vem um, rapa de um dicionário prático da língua portuguesa (edição de 1957) e lê: "Sistema daqueles que querem transformar a sociedade pela incorporação dos meios de produção na comunidade, pelo regresso dos bens e propriedades particulares à colectividade, e pela repartição, entre todos, do trabalho comum e dos objectos de consumo."


Vem outro e puxa de um livro de Vergílio Ferreira e lê em voz alta: "...O socialismo hoje confessa a inoperância da sua utopia e nós orientamo-nos para esse novo modo de ser, não apenas porque insensivelmente nos fomos harmonizando para isso aceitar. Mas que é que de novo surgiu nos países socialistas para só agora, e à uma confessarem a ilusão? Há dezenas de anos que a experiência estava feita e era só sancioná-la quando se fez, ou seja desacreditá-la. Qualquer coisa de novo se revelou e tornou intolerável que se persistisse. Não houve decerto a gota de água que fez transbordar o vaso mas o simples reconhecimento de que tinha já transbordado. Aconteceu foi que a humanidade em geral se modificou e no quadro universal a persistência no logro a denuncia como logro. Um novo equilíbrio se instaurou no modo generalizado de se ser humano por sobre o desgaste do anterior, e o erro denunciou-se como a ausência do cómico da graça de que rimos ou da sedução da mulher que amámos. Decerto há sempre razões disponíveis para "explicarmos" o que se quiser. Mas a grande explicação e o que o não é, porque ..."


Não sonham a discussão que se levantou a propósito do tema. Houve logo quem propusesse que os circunstantes mais exaltados subissem ao espaço do coreto e, sem maestro, ali debatessem as suas opiniões opostas, ou quase opostas, que agitaram o largo.  É que apareceram imediatamente os que se diziam sociais-democratas, os que se afirmavam  democratas-cristãos, os que gritavam pelo socialismo democrático, os que ... os que ... Um inferno! No fundo, o que todos queriam,  (atreve-se o subscritor destas crónicas de jardim a escrever) era "sol na eira e chuva no nabal".


É isso: voto no "sol na eira e chuva no nabal" - e fico por aqui. Não gosto de discussões. Bem bastam alguns "mails" que recebo e que tanto trabalho me dão a concertar ... Não fossem eles, por vezes, qualquer coisa que me lembra as brincadeiras, aqui mesmo, "aos polícias e ladrões", e ...

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