quarta-feira, 2 de maio de 2012

Águas furtadas

















Quem sou eu para dirigir cartas abertas a ministros ou outras pessoas de alta posição?!... Ser um entre dez milhões é ser pouco para tamanha ousadia. Não é, portanto, uma carta o que aqui vou tentar escrever ... É apenas um pedido, ou, se se quiser, um recado, um breve recado. Ao, dos ministros, o Primeiro. Cordial, apesar de tudo (não tenho razões pessoais para que o não seja - o senhor põe, tenta pôr, sempre um sorriso no que diz e eu não posso, não devo, proceder de outra maneira ...).


E o recado, o pedido é: eleja uma destas próximas semanas só para dar boas notícias. Depois páre, mas, em breve, por favor, apareça a olhar para nós, olhos nos olhos, e diga-nos coisas alegres. Sabe, senhor doutor, eu (e muitos mais, claro) trabalhei 50 anos ininterruptos e, pelo caminho que  V.Exa. tem vindo a anunciar, tenho a sensação de que trabalhei para nada, que o que os sucessivos governos foram anunciando foram ilusões, roubos, assaltos ao património que, apesar de tudo, pode cheirar a suor. O meu cheira. E vive ao lado de descendentes com dificuldades na saúde, por exemplo. De descendentes com dificuldades laborais. De descendentes com dificuldades no emprego. Dê instruções a um seu colaborador para me receber (só a mim) e saberá mais. Ouse esta diligência em plena "sala de operações"... E esteja à vontade porque não estou filiado em nada ... Para mim, paleta sem as cores todas não serve.


Percebo, entretanto, que, para si, seja embaraçoso agora mudar trajectórias, mas também não peço muito: sem demagogia, uma semana, só uma semana - mas recheada de esperança. Esperança que não seja apenas embrulho para novos e seguintes socos no meu, no nosso estômago.


Faça isso, senhor doutor. Sem perder o equilíbrio que a sua função impõe. Mas diga-nos, não mande dizer, diga-nos o senhor, olhos nos olhos, durante uma semana, só uma semana, coisas boas para os próximos tempos ... Depois, depois - vá intercalando o mau com o bom. Não nos deixe é nesta angústia diária - que mata. Não acredito que o senhor seja desses.


Obrigado!

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