À memória do Amigo e Comendador Jaime Viana
Já lá vai um bom par de anos, estive duas vezes no Congo-Zaire. Em ambas, fui recebido com a maior simpatia por quantos portugueses tive oportunidade de conhecer. Mas há um a que, sem desprimor, fiquei a dever uma disponibilidade que nem sempre experimentei nas andanças pelo Portugal disperso: Comendador Jaime Viana. Que já partiu. Já partiu, mas de deixou simpatia: acabo de receber um convite dos Amigos do Congo-Zaire para um convívio. O seu convívio anual. Que pena! Não posso estar. Mas nem por isso deixo de enviar um abraço a quantos se vão apresentar para uma festa que sei ser de confraternização. Não é que lá não fosse encontrar rostos eventualmente conhecidos... A minha presença no Zaire, no entanto, não durou, ao todo, mais do que uns quinze dias e, nestes encontros, recordam-se anos, muitos anos às vezes (já assisti) de cumplicidades, de aventuras, de negócios comuns, de Natais em família, de serões, de caçadas, de que pouco sei ...
"Recordas-te daquela vez em que fomos de madrugada para ...",
"lembras-te daquele gajo que ...",
" ... e quando nós caçámos aquela ...",
"ainda te lembras do Natal passado em casa do ... com o ... (Deus lhe tenha a alma em descanso ...)",
"...e as embrulhadas no aeroporto de Kinshasa?...",
e "aquela altura em que acolhemos os nossos compatriotas que fugiam de Angola ...",
"estás a ver a Escola Portuguesa em Kinshasa?...",
"... e aquele jogo de futebol entre solteiros e casados em ...",
"...não sei se tens presente a cara daquele negro que trabalhava lá em casa e que era um bem-disposto? ...",
"... a esta distância, quem achas que, afinal, foi Mobutu?..."
"... é verdade, sabes quem já é bisavô? ... Olha, o ... foi avô no outro dia ... Não sei se virá ..."
"... recordas-te do ... que era ... Morreu há uns meses ... Soube anteontem."
"- Tu ainda não sabes, de certeza, mas aquela miúda que vivia lá ao pé de nós, a que era divorciada, voltou a casar-se e já tem uma menina ... - Não me digas, a ..."
Não posso estar. Tenho pena. Tanto mais que acredito que os discursos vão ser muito menos do que os abraços entre gerações de ex. Estou no minuto de silêncio que fizerem por homens e mulheres como Jaime Viana e nos brindes às vossas felicidades pessoais - e de grupo.
Sem comentários:
Enviar um comentário