Há, em todas as casas, uma hierarquia dos retratos. "O teu avô fica aqui atrás com a tua avó". "Este retrato que nos tiraram em Londres vamos colocá-lo à frente. Lembra uma viagem que adorámos ..." "Olha esta tia de que toda a gente gostava, fica no móvel da entrada ..."
E há também os clássicos que vão, conforme os tempos, mudando de poiso na casa até que os fotografados, vivos, como é óbvio, não se achem graça - e surja o eventual arquivo de ... de estimação. Com algumas intimidades: o retrato do menino como veio ao mundo, agarrado à pilinha. O da menina, nuazinha, com o dedo indicador no pipi ...
E tudo continua mais ou menos sereno, salvo alguma desavença grave na família.
O mesmo, de resto, se verifica com os países. A República Checa, por exemplo, desterrou estátuas (imagino o que terá feito a muitos retratos antigos ...) e mandou-as pôr nos arredores de Praga (testemunhei). Portugal agarrou no Carmona que, em Lisboa, estava em frente à Churrasqueira do Campo Grande e foi colocá-lo, discreto, no Museu da Cidade, onde, da Churrasqueira, só chegam cheiros ... Mas o pior que conheço, e que não tem nada a ver com a "bondade" da fotografia que ilustra esta mensagem, são as estátuas dos portugueses que ajudaram "a fazer" a Guiné-Bissau e que encontrei, nos arredores da capital guineense (já lá vão uns anos, é certo ...) numa lixeira.
Mas festejemos o Centro Cultural Português, em Bissau, esperando que continue a existir, de preferência, com boa saúde.
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