Nota prévia para quem aqui assomar:
Não é, obviamente, pela oportunidade política ou social que aqui se irá esgotar o que a esta gazeta diga respeito. É, sobretudo, por uma certa história que sempre fica por contar nos manuais que, não raro, sendo feitos de outros manuais, nem sempre se aproximam da realidade que
ruadojardim7 oferece, assim, o que viveu, sem tirar nem pôr. E vai continuar o registo (DATADO) que teve oportunidade de fazer.
"(...) 6 de Dezembro de 1984
Multimilionários no activo e "comendadores" falidos
A primeira notícia que nos deram pela manhã foi a de que tinha falido (não sabemos quando) determinado empresário madeirense que nos tinha sondado há uns anos para que intercedessemos "junto das autoridades portuguesas no sentido de lhe ser concedido o grau de comendador ..." Fraquezas! Quem somos nós, simples escrevinhadores desta gazeta? E como é isto de condecorações, afinal?"
Esqueçamos, porém, as mazelas da humanidade e passemos, de certo modo, a uma sondagem sobre as conclusões do I Congresso das Comunidades Madeirenses.
A um empresário de doçarias, perguntámos sem azedume:
- Que pensa da recomendação do Congresso no sentido de ser garantido o voto aos madeirenses nas eleições para a Assembleia Regional?
- Gostaria de ver as nossas comunidades espalhadas pelo mundo, que totalizam uma população superior àquela que vive na Madeira, directamente representadas para que pudesse haver uma ainda mais efectiva defesa dos nossos interesses.
- Há quantos anos neste país?
- 29!
- Tem casa na sua terra?
- Na Madeira e em Lisboa.
A seguir, de um comerciante de produtos do mar e enlatados, quisemos saber:
- Que obstáculos ao investimento em Portugal e, em particular, na Região Autónoma da Madeira?
- Com madeirense, sempre optei por investir na Madeira, antes de o fazer no Continente, pelo facto de ter saído muito novo da minha terra e só a ter conhecido depois de estar na África do Sul, através das minhas curtas visitas. Concretizando os obstáculos, direi que não estou de acordo com a lei existente para o inquilinato e penso que é legítima a pretensão de querer ver resultados palpáveis dos investimentos efectuados - o que parece não acontecer. Permitam-me, todavia, que aproveite esta oportunidade para acentuar que algumas facilidades que o emigrante tem hoje já existiam antes do 25 de Abril ... O que não significa, necessariamente, a minha concordância com tudo o que se fazia.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Depois (...) dirigimo-nos a Bryanston, a uns doze quilómetros do centro de Joaneburgo. Trocámos, impressões com o dono de um estabelecimento comercial. Da conversa havida, registámos:
- Que se preconiza para uma ligação aérea mais regular entre a Madeira e a África do Sul?
- Respondo-vos com outra pergunta: dado que a comunidade madeirense na África do Sul representa metade dos portugueses que aqui vivem, não seria possível, uma ou duas vezes por semana, a TAP voar directamente para o Funchal e depois seguir para Lisboa, dado que a Madeira, para quem vai de África, fica antes da capital?
Confiemos a pergunta aos técnicos, aos economistas e aos políticos e continuemos o "bailinho".
Voltámos à cidade de Joanesburgo (sempre com a preocupação de ouvir, ouvir ...) agora para dar a palavra a um exportador e importador. Anota-se o que de mais significativo nos disse:
- Que sugestões faria ao Governo da Região Autónoma da Madeira no sentido de "criar as condições necessárias ao aparecimento de actividades compatíveis com a capacidade e formação profissional dos emigrantes?"
- Entendo que, por exemplo, no sector bancário, algo havia a fazer, bem como no das representações industriais e comerciais, a nivel mundial. Relativamente aos profissionais por conta de outrém, admito que, nalgumas actividades, fosse interessante fazer o levantamento das potencialidades humanas existentes para o seu eventual aproveitamento directo na Região.
Para honra nossa
Com o sol a esconder-se para além dos montes que encerravam ouro ainda não há muitos anos, as tarefas do dia chegavam - quase - ao fim. Só que, em país de cardiologistas famosos, impunha-se procurar, dentre os oitenta e cinco médicos portugueses existentes em Joanesburgo, um desses homens que leva a vida a evitar a morte alheia, com sabedoria reconhecida entre os seus pares sul-africanos e doutros países. Não é um madeirense, mas, se necessário, é um compatriota nosso capaz de lutar para que também os simpáticos ilhéus da Pérola do Atlântico não morram - antes de tempo. (...) É o dr. Manuel Antunes, de seu nome, é rei em terra de gente que vê ... sem as fanfarronices de outros que também nasceram na grande Maternidade Lusitana."
Nota, em tempo, à sombra da árvore que"tenho" aqui no Jardim7:
esqueça-se o tom entusiasmado, às vezes, quase vibrante do discurso, mas no contacto com o Portugal distante foi/é difícil outro ...
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