terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Gazeta a preto e branco: África do Sul ( XIII )





















"11 de Dezembro de 1984

Até à vista, Joanesburgo!

Esta jornada de trabalho a Joanesburgo vai terminar hoje, tendo como principal ponto da "agenda" uma conversa com o Dr. Durval Marques (...).

Amanhã voaremos para Durban, outro centro importante da comunidade portuguesa, em geral, e da madeirense, em particular. Contudo, até lá, fala Joanesburgo, aproveitando, em jeito de primeiro balanço, alguns números globais que constituem o perfil socioeconómico dos 600 000 emigrantes portugueses na Á frica do Sul.

Vejamos:

. 35% dos portugueses trabalham na construção civil
. 35% trabalham no comércio
. 30% são professores, médicos, engenheiros, advogados, arquitectos, gestores empresariais, agentes de seguros, contabilistas.
. 50% têm casa própria
. 80% têm automóvel
. 48% têm dois automóveis
. 85% dos legumes, hortaliças e refrigerantes são comercializados por portugueses.

Por isso:

"Penso que esta é a mais rica das nossas comunidades", disse em 1983 numa entrevista ao vespertino de Joanesburgo The Star, a Drª Manuela Aguiar, actual Secretária de Estado da Emigração e Comunidades Portuguesas.

Por isso

o antigo embaixador da África do Sul, em Portugal, Woutar Malan, estava à vontade para, em Dezembro de 1982, acentuar que "desafiava quem quer que fosse a provar que algum país comunista ou qualquer outro país da África atraísse tantos migrantes como a África do Sul."

De facto, como em determinada altura afirmou o sr. Botha, ministro dos Negócios Estrangeiros da Republica da África do Sul, "não basta gritar contra o país; é necesssário encher os estômagos vazios dos povos africanos."

Mas esqueçamos, por agora, as afirmações políticas, apesar de tudo, importantes, para voltarmos ao "bailinho", razão fundamental deste caderno especial de A TARDE (A Tarde era um jornal vespertino publicado em Lisboa), que tem por pano de fundo, recordemo-lo, o I Congresso das Comunidades Madeirenses.

É altura de dar voz a outro madeirense: um filatelista que comercializa estampilhas,  estampilhas fiscais (apenas) nesta cidade do ouro, onde os minúsculos papéis são, como em todo o mundo, negócio a valer. Do que nos referiu, assinala-se o que pareceu mais significativo:

- Que pensa da participação dos emigrantes nas votações para a Presidência da República e outras?

- Acho que não é lógico, face ao desconhecimento natural da vida no país de origem, participar nessas eleições. Como é óbvio, só estando devidamente informado, poderia votar em consciência.

Permita que lhe acrescente, entretanto, que gostaria de perceber, como e onde, foi feita a eleição de delegados ao I Congresso das Comunidades Madeirenses. Que madeirenses representaram?"

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