quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Gazeta a preto e branco: África do Sul ( XX )






















"16 de Dezembro de 1984

Críticas

Descansar ao sétimo dia é uma bela atitude cristã, é um imperativo físico, mas é também uma impossibilidade quando se está, no estrangeiro, no meio de portugueses. Sobretudo, se do descanso se tem a noção de paragem. A verdade é que se multiplicam as gentilezas para que, quem chega, tudo possa ver e levar na memória para o Portugal - espaço europeu, quantas vezes, como é o caso, tão distante.

Há, por este motivo, que não dar parte de fraco: siga, pois, o "bailinho".

- Importa-se de se apresentar aos nossos leitores?

- Com certeza. Vim para a África do Sul na procura de novos horizontes. Falava-se na Madeira que este país dava oportunidades e ... cá estou, embora já tivesse na minha terra um pequeno negócio.

Comecei como empregado e, pouco a pouco, fui procurando, como todos os meus conterrâneos, dar sempre mais um passo em frente. Em determinada altura, animado de um espírito de união entre as pessoas que tinham a mesma origem natal, aderi à formação de um grupo de madeirenses que ficasse em condições de ser útil à comunidade. Chamámos-lhe o grupo do Amigos da Madeira.

O tempo foi passando e hoje essa como que equipa está lançada no mundo dos negócios e ... segue bem.

Entretanto, importa referir que a formação do grupo de que atrás lhe falei pretendeu apenas ser um embrião de unidade entre todos os portugueses residentes em Cape Town, unidade, de certo modo, conseguida com a iniciativa de - imagine!... - trazer a esta cidade a nossa Amália Rodrigues. Desde então (no ano passado) continentais e madeirenses estão, a meu ver, muito mais conscientes da sua origem comum.

- Gostaria que nos dissesse o que pensa da sugestão, que alguém já fez, de as comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo terem, à semelhança do que acontece na Assembleia da República, representação na Assembleia Regional da Madeira?

- Com o que se passa hoje com a governação em Portugal e na Madeira, não me convence: desejaria, por exemplo, saber como é que se liquidam as dívidas contraídas e como é que as câmaras vão saldar as contas dos dinheiros que lhes emprestamos. Por outro lado, era importante ter a certeza de que, ao nível do emprego, os lugares eventualmente vagos não vão parar apenas aos apaniguados políticos de quem manda. Por tudo isto e para defesa dos nossos interesses, enquanto emigrantes, talvez fosse vital que tivéssemos representação na Assembleia Regional. Entrementes, sugeria que fosse feito um inquérito às actividades municipais madeirenses.

Recolhidas que ficam estas linhas de preocupação, rumemos, aproveitando a tarde, em direcção à Época dos Descobrimentos para um convívio fraterno, sem protocolo e sem pompa, com a história e os lugares que Bartolomeu Dias e Vasco da Gama, em especial, bem conheceram."

.../...

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