sábado, 23 de fevereiro de 2013

Canteiro de palavras (LVIII) - Padre António Vieira

"Sempre fazemos as coisas fora de tempo, e fôra melhor ou não as fazer, ou fazê-las antes. Já padecemos as afrontas do erro, agora padecemos as da inconstância, confessando ao mundo, que os arcanos que considerava nas nossas acções não tinham grandes fundamentos, pois sem grandes causas se mudam."

"O Papa vive, e promete viver; é santo, e faz milagres e santos. Eu trabalho na canonização dos meus, que por muitos, têm dificuldades e por portugueses invejas; também destas se não livram os jesuítas. Se os vejo declarados por mártires, tratarei de me fazer confessor, ainda que não hei-de ser canonizado, posto que faça milagres."

Em 1691, numa carta enviada do Brasil para Portugal, aquando de uma crise na moeda naquele país - "por imprudência dos portugueses":

"Se vossa mercê, pelo que escrevi na frota passada, achou causas para se lastimar do Brasil, as presentes são muito maiores, nascidas todas não das plantas mas das raízes que nessa se lhe secam.

No Rio de Janeiro se abaixou a moeda com tal diminuição que, em um dia, computado o que se possuía com o que se perdeu, quem tinha nove se achou somente com cinco; e o pior é que esse pouco que ficou, ainda se embarca para Portugal, porque dizem tem lá mais conta."

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