Pouco a pouco, aproveitando, no JARDIM, em Lisboa, o dia, ainda que pardo, não chuvoso, foi-se juntando à volta do banco do costume um grupo bastante maior do que aquele que é hábito nos últimos dois, três anos. Como sempre, não havia agenda, mas ... mas, de repente, a coisa fez-se ... E o que aconteceu foi, dir-se-ia, inevitável: conversa acerca dos imperativos da poupança. Não tomei nota de tudo o que se disse, mas penso ter anotado o essencial.
Palavras soltas:
Deixar de tomar fora de casa o cafezinho do costume.
Frequentar mais assiduamente um banco ao ar livre.
Não jantar, no sentido clássico do termo. Optar por um lanche preparado em casa e comido no meio das árvores, no jardim propriamente dito.
Andar mais a pé.
Acautelar as descargas eventualmente evitáveis do autoclismo.
Tentar fazer as "necessidades" nas retretes do jardim público.
Poupar na energia eléctrica, retirando ou arredando cortinados das janelas da casa e deixando entrar a luz natural.
Moderar os consumos de electricidade, evitando, nomeadamente, presenças regulares no computador.
Deixar de reencaminhar aos amigos e conhecidos a maior parte dos "mails" que se recebem.
Evitar a leitura regular de blogues e aproveitar ao máximo o que dizem as primeiras páginas dos jornais expostas nos escaparates públicos.
Finalmente, ouvir, ouvir mais do que falar, sobretudo, enquanto a crise não der mostras de abrandamento.
Entretanto, participar em todas as manifestações públicas pacíficas que possam substituir uma parte significativa das restrições atrás referidas - em alegria de estar, em consciência política, em confraternização, em oportunidades de expressão, de preferência das que não obrigam à posterior ingestão de tranquilizantes, que são muito caros e dão dinheiro a ganhar aos grandes monopólios da indústria farmacêutica.
Em vez de tudo isto, não às entradas em espaços como este. Isso, nunca! São caros, pouco adiantam em termos políticos e informativos (raras vezes são formativos), e podem ser substituidos, se necessário, por uma ou outra entrada no Facebook, que é muito mais económico do que ler, por exemplo, um blogue, e onde basta um GOSTO para, de algum modo, compensar a electricidade consumida.
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