Hoje é dia 24 de Abril. Do dia 24 de Abril para 25 de 1974, dormi como quase toda a gente. Quase, porque os militares estavam cansados da guerra e tinham razões directas e objectivas para dormir mal;
porque havia gente perseguida pela PIDE que, naturalmente, se deitava pouco tranquila;
porque havia homens e mulheres que tinham que ler estrangeiro para entender Portugal;
porque havia partidos políticos à espera de voz.
Mas, no meio de tudo, a ideia que permanece é que o que, acima de tudo, havia, era cheiro a suor inútil e morte em África (a que depois se juntou um certo atordoamento colectivo, como, de resto, talvez aconteça em todas as revoluções).
E pareceu fácil. E criativo. Logo pela manhã do 25, por exemplo, como se sabe, apareceram cravos e, mais do que tiros, houve liberdade para dizer coisas - e tudo bastou para passar a ser diferente. Mas nem sempre melhor.
Estamos hoje, por isso, no processo de tentativa contínua desse melhor. Ainda ontem, por exemplo, falou o senhor ministro da Economia a propósito disto tudo - que dizem ser para nosso bem. E a gente acredita. E espera. Para que o 25 não passe de apenas uma lua-de-mel sem casamento, em que se pode escrever isto, mas ...
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