Escrever ou fotografar? À cautela, à cautela fotografar para complementar a escrita. Sobretudo aqui, onde tudo é rápido. E onde tudo tem que ser AGORA. Felizes os que, em tal colete, conseguem escrever e mostrar tudo. Feliz, genial, por exemplo, Almada Negreiros cujas palavras dispensavam fotografias e cujos desenhos dispensavam palavras.
A FLOR
"Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Uma numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outra mais custosas (...)
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!"
Continuarei a oferecer-vos a prosa que tento o seja, mas, como nem em restos de Almada me trevo a sonhar, apoiar-me-ei nos "bonecos" que for conseguindo ...
Explicado, creio, fica, entretanto, o que já me perguntaram várias vezes os amáveis que frequentam o banco, o banco do jardim ... Deste jardim.
Boa tarde!
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