Manuel da Silva Mendes, falecido em 30 de Dezembro de 1931, in Macau Impressões e Recordações (colectânea póstuma de artigos publicados na imprensa macaense)
"O "patois" macaísta tende, por influência da língua chinesa, para a inflexão. Nunca chegou a constituir um dialecto, mas, se o houvesse constituído, ter-se-ia no seu desenvolvimento aproximado de um extravagante inflexivismo.
(...) O "patois" macaísta não é senão um português estragado pelo contacto com a língua chinesa."
José dos Santos Ferreira, falecido em Março de 1993, in Poema na Língu Maquista
MACAU MODERNADO MACAU MODERNIZADA
Nôs agora têm unga túne Nós agora temos um túnel,
Na básso di Mato-Guia; Por baixo da Colina da Guia;
Carêta ramendá bicho-núne Os carros, parecendo libelinhas,
Vai-vêm na túne tudo dia. Vão e vêm no túnel o dia inteiro.
Quim intrá na Pôrto Nôvo, Quem entra no Porto Exterior,
Unga estánti têm Flora; Num instante está na Flora;
Di unga buracám, sai rua nôvo De uma buraca se fez uma rua nova,
Tudo ta contente agora. Agora estão todos contentes.
Perto-perto di Sám Francisco, Próximo de São Francisco, Têm unga rua riva di ôtro rua; Há uma rua em cima de outra rua;
Gente di pôvo olá, ficá pisco, O povinho vê, fica zuca,
Pensá ta vivo na Lua. Pensando que está a viver na Lua.
Pa sai di casa, agora, nancassá Para sair de casa já não é preciso
Prendê montá biciquéta; Aprender a andar de bicicleta,
Rua sã nádi faltá Pois, vias já não faltam
Pa tudo laia di caretá. Para todo o tipo de viaturas.
Pa tudo vánda sã casarám, Por toda a parte se vêem casarões,
Na tudo cánto têm jardim Em qualquer canto há um jardim.
Quim pôde gastá unga dinherám, Quem muito pode gastar,
Pôde vivo ramendá mandarim. Pode viver como um mandarim.
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