É bom eleger e ser eleito. É bom não haver polícia política. É bom reunir sem autorização oficial prévia. É bom haver liberdade de informação. É bom haver liberdade de associação.
Mas ... mas, chegados a uma certa maturidade política, seria bom não aproveitar todo o adquirido para, em Portugal, foder o Zé. Sinto-me (sentimo-nos?) num plano inclinado de que não sabemos onde vamos parar. Portugal, que não quer Salazar, nem Caetano, está a ser empurrado para um passado que não votou. Portugal está a ser remetido para confrontos fratricidas que tinha esquecido. Estamos quase na rua a pedir a guerra que, em regra, provoca a ditadura.
Finalmente, somos melhores com travões impostos ou com liberdade administrada? Ou temos dias?... Certo, certo é que me lembro, em tempo salazarista, de saber meu pai a só ter trabalho três dias por semana. Mas não me lembro de meu pai sem emprego.
Quem fez o que está e em nome de quê? Ou Freitas do Amaral tem razão quando admite estarmos a recuar para uma lusa época afonsina?
Finalmente, em termos práticos, que mais-valias trouxe o 25/4 ao nosso quotidiano que não seja esta liberdade de poder dizer, escrever, protestar? É necessário, para ser livre, passar fome?
- Meus senhores, há FOME, há DESEMPREGO como nunca me lembro ter havido.
Que fazer? O que é preciso fazer para, não trazendo Salazar para a conversa, trazer Portugal para a ESPERANÇA?
Apetece-me hibernar. Mas, já agora, gostava que me dissessem, mais ou menos, por quanto tempo ... Há filhos à nossa espera, há netos a brincar nos jardins que acreditam nos pais e nos avós - mas não sabem destas vontades de fuga temporária ...
Por favor!...
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