Por mera associação de ideias, a edição da RTP de ontem à noite, a partir do Porto, fez-me lembrar "a outra" em que, segundo está escrito "nesta coisa", aqui ao lado, "o PS, o PSD e o Grupo dos Nove já tinham preparado a instalação da Assembleia da República no Porto, onde seria declarada uma república democrática para fazer frente à Comuna de Lisboa."
É a história da tentativa de Duran Clemente, o "capitão opaco",que tentou, num gesto revolucionário, dirigir-se ao país a partir dos estúdios da RTP, no Lumiar, em Lisboa, e, de repente, viu a emissão cortada, para prosseguir do Porto, com um filme cómico protagonizado por Danny Kaye...
Não, não foi isso, nem sombra disso, que se passou, ontem na emissão da RTP, conduzida por Fátima Campos Ferreira, a partir do Porto, com "gente do Norte". Mas a afirmação de vontade que se viu e ouviu, essa, sim, esteve presente, deixando a ideia de que é preciso, é evidente a necessidade de "chamar" mais a Invicta e as suas gentes para a ribalta visível da construção (reconstrução) do País.
Recorte antigo, quase, QUASE a propósito, in À Sombra da Minha Latada
"S. o S.
- Ó Norte, gostava de te fazer uma pergunta: se a gente cá no Sul se sentir em dificuldade, tu metes outra vez o Danny Kaye na televisão?
É que, sabes, há cá por baixo uns cavalheiros que não querem deixar-nos viver tranquilamente e eu e o meu compadre Zé não estamos lá muito pelos ajustes. Imagino que por aí não vivas também como desejas. Pelo menos, um dia destes, quando te visitei, deu-me a sensação de que não andavas muito contente. Têns, como nós, casas inacabadas para que te falta alento para construir, têns refugiados nos hotéis e nas ruas, têns desempregados nos cafés (cinco para conversa e um para bica), e dos teus lábios, Norte, não ouvi, bem timbrado, nem fado nem chula. Apesar de tudo, têns no olhar uma determinação. Tu és Afonso Henriques, és Guimarães, és Galo de Barcelos. És, exactamente, Galo de Barcelos que, como na lenda, assado ressuscitaste (não terás sido tu que puseste o Danny Kaye na televisão?) e cantas ainda, sempre que podes, nas madrugadas verdes pelas quebradas das serras resistentes ao fogo dos teus inimigos. Realmente já te não oiço fado e chula mas, apesar disso, sei que, de quando em vez, dão contigo a cantar. Não tenho a certeza de que tenhas o papo cheio de milho e, por isso, duvido que estejas em plena forma. Mas lá que cantas, cantas.
Contudo, cá pelo Sul, nem sempre te oiço. Têns que cantar mais alto.E fados, e malhões como tu sabes e gostas.
(...) Não nos abandones, Norte! No Sul somos poucos, somos minoria, talvez. Mas não nos esqueças. Tu és para nós a "resistência moral da nação". Quando já ninguém cantar, tu ainda, tenho a certeza, te hás-de fazer ouvir, nem que seja em surdina. Hás-de ter força para ser Danny Kaye ou Vasco Santana. E, quiçá, definitivamente, malhão, ou chula, ou fado. E arraial. E foguetes. E fogo de artifício. E vira no terreiro. Quando te queimarem e tornarem inacessível o Marão, eu sei que dos pauliteiros farás uma serra e lá, no cimo da torre humana, meu Caro, serás de novo Portugal a cantar.
Para todas as emergências, Norte, o código é:
S. o S. (Salva o Sul)!"
Obrigado, Fátima Campos Ferreira. Norte presente!
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