in Chuva Miudinha, no Diário de Coimbra
David Mourão-Ferreira partiu mais cedo do que devia. Não se faz ... Já Vitorino Nemésio, seu amigo e mestre, há dezoito anos, fizera o mesmo.
Também, de mansinho, pé ante pé, abalou para a Recitação Final. De ambos ficou, entretanto, o perfume dos poemas, das palavras, daquele jeito de comunicar que emoldura saberes e em que, tanto um como outro, eram exemplares.
Uno-os, quem sou eu? nesta sumaríssima evocação, dando testemunho, anos volvidos, no funeral de Nemésio, das lágrimas (visíveis) de David Mourão-Ferreira pela perda do Amigo e, igualmente, da raiva contida que se lhe sentiu pela ausência, em homenagem derradeira, dos que, então Poder, por tal motivo, deveriam ter adiado tudo ... Porém, se, com a morte de David Mourão-Ferreira algo de Nemésio também foi a sepultar, não há dúvida de que a vénia pública, agora abundante, tem, pelo menos, dois destinatários - para que, em especial, Mourão-Ferreira não volte a chorar ...
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