Consciência de Macau defende salvaguarda das tradições contra a homogeneização cultural.
Maria Caetano
Jason Chao e Scott Chiang, membros do grupo Consciência de Macau e da Associação Novo Macau, promoveram ontem um evento público para promoção dos usos linguísticos locais contra o que consideram ser um processo de “homogeneização cultural”. A campanha, iniciada numa petição pelo uso do nome de “Macau” como marcador geográfico no Facebook, destaca o património histórico local e o legado de origem portuguesa.
Ontem, a página da iniciativa no Facebook, criada por Sulu Sou, outro membro da Novo Macau e da Consciência de Macau, acumulava mais de 1700 seguidores de diferentes origens, mas na sua maioria de língua chinesa, para que a empresa que gere a rede social utilize o nome de Macau na sua romanização original portuguesa a partir daquela que se acredita ser a raiz histórica do hokkien para a expressão “baía da deusa A-Ma”. O Facebook acedeu aos pedidos.
Os autores da iniciativa mostraram-se contra a possibilidade de as marcações no alfabeto ocidental usarem seja “Aomen” ou “Ou Mun” por entenderem que “a tradição de inclusão e coexistência deve ser preservada e deve estar livre da homogeneidade de qualquer cultura particular”.
Segundo os peticionários associados à Consciência de Macau, o uso da palavra Macau, na sua origem portuguesa, “demonstra respeito pela história e pelos costumes”. O grupo lembra também que é ainda “Macau” que aparece no brasão de armas da região.
A Consciência de Macau lembra ainda o uso do bilinguismo na nomeação das ruas da cidade, sem recurso a tradução e exprimindo diferentes significados em língua portuguesa ou em cantonês. Tal, entende o grupo, “reflecte a diversidade cultural e o ambiente multilinguístico e multicultural de Macau”.
Recentemente, Jason Chao, presidente da Associação Novo Macau e líder da Consciência de Macau, adoptou na sua comunicação oficial o uso vernacular do cantonês na escrita tradicional ao invés do chinês simplificado formal com uso de caracteres com significado em mandarim.
“Tendo em conta o desencorajamento, e até certo ponto a “demonização”, do uso do cantonês pelos governos, enquanto falante natural defendo o uso vernacular da língua aumentando o seu uso nas comunicações escritas formais”, defende Chao no seu website pessoal.
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