quarta-feira, 12 de março de 2014

Entrevista na SBS, rede nacional, em Melbourne (Austrália) - II

Entrevista com MA, em Melbourne, 
a propósito da recolha de elementos para o livro 
ENTRE VISTAS nos Arredores das Montanhas Azuis
publicado em Lisboa, em 1998











II

"- Qual a diferença que sentiu nas várias comunidades?

- Em vez de lhe falar de diferenças, apetece-me falar de aspectos comuns: somos considerados em todo o mundo gente séria, gente honesta, gente trabalhadora. Aliás, aqui na Austrália, é também, até agora, essa a tónica. As diferenças são mais nas profissões em que actuamos. De facto, somos porteiros em Paris, e isso que poderia ser uma coisa aparentemente menor, é um sinal de confiança dos franceses; nos EUA (já passaram alguns anos sobre a minha primeira visita àquele país) somos, em New Bedford, gente da pesca, mas também é comum encontrar portugueses dedicados à padaria. Aqui, as informações que me dão é que há muita gente voltada para a  construção civil, mas que, em Perth, por exemplo, as pessoas dedicam-se à pesca - de resto, com um entusiasmo enorme.

- Mas, em relação ao Brasil, onde os portugueses são muitos ... O que é que encontrou no Brasil?...

- Desde logo, segundo o poeta Manuel Bandeira, "brasileiro é português à solta". Penso que, com essa facilidade de ficarmos iguais aos povos com quem nos misturamos, no Brasil, sambamos também...

- E falando ainda no seu trabalho, pegamos no que afirmou: publicou, entretanto, um trabalho acerca d' Os Portugueses no Mundo, com excepção para a comunidade portuguesa na Austrália ... Porque é que deixou de fora esta comunidade?...

- De facto, o continente australiano "ficou de fora" pela distância ... Em Dusseldorf, o nosso cônsul dizia-me que, estando em serviço no Canadá, o haviam convidado para ir ao Pólo Norte, onde uma senhora, a certa altura, lhe terá batido nas costas para dizer que era ... SILVA ...

Nesta perspectiva, a frustração será permanente: ao Pólo Norte, terei alguma dificuldade de ir ... 

A Austrália, a Austrália era, de facto, um continente a visitar. Entretanto, foi necessário congregar vontades (e elas existiram agora ...). Com efeito, entidades públicas e privadas proporcionaram-me, agora, com base em trabalhos anteriores, sem exuberâncias e sem mercantilismos, as condições que me permitem estar aqui.

- De que trata este seu primeiro trabalho aqui e o que é que procura?

- Na impossibilidade (como é natural) de ouvir toda a gente (se calhar aqui nem dão conta de que 1000 km, para português europeu, é uma distância enorme, mas que, para vós, não tem significado nenhum ...), este trabalho é feito por amostragem, baseada num guião que trouxe de Lisboa, para cruzar opiniões e trabalhá-las depois, a fim de produzir um livro. Penso.

(.../...)"

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