segunda-feira, 7 de abril de 2014

Notícias de Macau - Actualidade


“Há muitos valores do passado que devem ser revisitados”

 by Ponto Final
entrevista wong kar waiO realizador Wong Kar-wai lembra a história de liberdade de expressão e variedade do cinema de Hong Kong.
Maria Caetano
Wong Kar-wai, um dos mais reconhecidos cineastas de Hong Kong, passou entre cinco a seis anos a preparar “The Grandmaster”, filmado ao longo de três anos, e que no último fim-de-semana recolheu em Macau sete de 14 prémios do Festival de Cinema Asiático. Entre estes, os de melhor realizador, melhor filme e melhor actriz principal, pela prestação de Zhang Ziyi enquanto mestre de kung-fu do norte do país. Tony Leong, colaborador de Wong em vários filmes, desempenhou o papel de Ip Man, mestre de artes marciais que formou, entre outros, Bruce Lee.
“The Grandmaster” estreou no início do ano passado e não chegou a passar a selecção das nomeações de melhor filme estrangeiro dos norte-americanos Óscares. Um ano depois, Wong Kar-wai escusa-se a responder sobre que projectos está a trabalhar actualmente. Em entrevista breve ao PONTO FINAL, por escrito, defende que a sociedade de Hong Kong deve voltar aos valores antigos que fundaram o cinema da região: liberdade de expressão e diversidade.

- O seu último filme, “The Grandmaster”, parece girar um pouco em torno da história e do ethos do kung-fu, permitindo que especulemos sobre uma eventual procura de levar novamente o cinema de Hong Kong às suas fundações. Sente nostalgia ou, mais, uma necessidade de voltar à base deste cinema?
Wong Kar-wai – Apesar de os filmes de kung-fu serem um género maior do cinema de Hong Kong, nunca constituiu a sua fundação. Aquilo por que o cinema de Hong Kong era conhecido era pela nossa liberdade de expressão e pela variedade de diferentes filmes que os realizadores de cinema de Hong Kong criaram. O cinema de Hong Kong foi, desde 1949, um centro de produção de filmes exportado para todas as comunidades falantes de chinês do mundo. Acredito que há muitos valores do passado que devem ser revisitados. Esses valores serão base para o que é fundamental no futuro da nossa cidade.
- Considera que o cinema de Hong Kong mantém uma voz própria? Ou devemos não pensar nesta noção e olhar antes para as criações particulares dos seus realizadores, ao invés de procurarmos uma linguagem comum ou consistência histórica ou geográfica?
 W.K.W. – Acredito que aquilo que distingue o cinema de Hong Kong é a sua variedade e as suas vozes diferentes, e não realizadores isoladamente.
 - Macau tem sido por várias vezes cenário ou objecto inspirador para os filmes de Hong Kong, seja pelo jogo ou relações de tríades. O que é que o atrai enquanto realizador?
W.K.W. – Filmei partes de “In the Mood for Love” e “2046” em Macau. Aquilo que me interessou não foram jogo ou relação com as tríades, mas os restos de um passado colonial.
 - Como vê a evolução da integração do Delta do Rio das Pérolas e eventuais expectativas de uma indústria de cinema comum?
W.K.W. – Aquilo que vejo hoje é que há três centros de produção de cinema na China. São Pequim, Hong Kong e Taiwan. Estes três lugares partilham interesses comuns e retêm vozes distintas e diversas.
 - Alguma vez considerou filmar um guião mais político?
W.K.W. – Se houver um guião político que valha o esforço.




Ponto Final | Abril 7, 2014 às 12:39 pm | Categorias: Uncategorized | URL: http://wp.me/pu3KH-7Ke
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