quarta-feira, 28 de maio de 2014

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“Se não protestar hoje, viverei para sempre arrependido”

by Ponto Final
PF 3000 capaMilhares de manifestantes reuniram-se ontem junto à AL. Dizem que o dinheiro do Governo já não chega para calar a população.
Iris Lei
Cerca de sete mil manifestantes cobriram ontem o relvado junto à porta da Assembleia Legislativa (AL). A exigência era apenas uma: que o Governo deixasse cair por completo a proposta de lei do regime de garantias para ex-governantes. A organização do protesto, encabeçada pela Consciência de Macau, queixava-se de que lá dentro os deputados estavam a seguir o guião escrito pelo Chefe do Executivo.
Num movimento de protesto contínuo que arrancou no domingo e que é já descrito como o maior de sempre desde a transferência de Administração, a Consciência de Macau conseguiu desta feita mobilizar sete mil pessoas. A polícia, no entanto, contabilizou apenas 4900 manifestantes rodeando a Assembleia, o que aconteceu pela “primeira vez na história”.
Assim que foi sabido que a proposta de lei tinha sido eliminada da ordem de trabalhos e não seria votada no plenário de ontem na AL, a multidão exaltou-se e chegaram mesmo a ser arremessadas garrafas contra os carros que transportavam alguns deputados depois de terminado o plenário.
A Consciência de Macau, organização muito próxima da Associação Novo Macau, insistia no ponto de que cancelar o debate e a votação da proposta não era o mesmo que deixar cair por completo a proposta que prevê subsídios avultados para ex-governantes. Um dos principais representantes do protesto, Sulu Sou, notava que esta decisão “não exclui a possibilidade de uma nova iniciativa” caso o Governo decida insistir naquilo que o manifestante qualifica de “lei gananciosa”.
Dois manifestantes disseram, em declarações ao PONTO FINAL, estar descontentes com o trabalho do Chefe do Executivo, cuja performance foi descrita como “inexistente”. Chui Sai On foi alvo de outras críticas: “não é um bom governante” ou “só se preocupa com dinheiro para si mesmo” foram algumas das palavras referidas pelo senhor e senhora Leong. Uma ideia perpassava a opinião de ambos: dar dinheiro à população já não serve para calar as vozes críticas, mesmo com os cheques de nove mil patacas do Governo novamente a caminho.
“Acha que isso é bom? Dar dinheiro mas não construir um hospital, não lidar com a escalada de preços no mercado imobiliário?, perguntava a senhora Leong, que também participou na manifestação de domingo.
Um manifestante que preferiu não ser identificado gritava: “Se não protestar hoje, viverei para sempre arrependido”.
Entre os que se reuniram à porta da AL estava o professor universitário António Katchi, apesar de não ligado a qualquer dos grupos organizadores. O académico critica a proposta e considera-a “injustificável”, especialmente no que toca aos artigos que referem que, depois de cessar funções, o Chefe do Executivo pode continuar a gozar de regalias como o serviço de transporte particular. “Ele deve simplesmente regressar à condição de cidadão normal. Se tem o seu próprio carro, pode conduzi-lo. Caso contrario pode apanhar um autocarro como qualquer outra pessoa”, defende.

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